O preço
do litro da gasolina chegou a ser vendido a R$ 8,99 nesta quarta-feira (23) no
Recife após o abastecimento dos postos de combustíveis ser afetado devido ao
terceiro dia de protestos dos caminhoneiros contra o aumento do preço do
diesel. Alguns postos na Região Metropolitana fecharam por falta de
combustíveis para revenda.
A mobilização dos
caminhoneiros, que ocorre desde segunda (21), é nacional. Nos postos que
continuam abertos na capital e no Grande Recife, motoristas formaram filas para
abastecer que invadiram faixas de ruas e avenidas, complicando o trânsito. O
Porto de Suape teve a operação comprometida e o número de viagens realizadas
pelos ônibus na Região Metropolitana foi reduzido em 8% desde a manhã desta
quarta.
Na tarde desta quarta, os
caminhoneiros realizam protestos em diversas rodovias do estado. Segundo a
Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-101, no Grande Recife, há dois pontos
de manifestações: um no quilômetro 83, em Jaboatão dos Guararapes; outro no
quilômetro 50, em Abreu e Lima. No Cabo de Santo Agostinho, houve bloqueio na
via, encerrado às 15h50. Também em Jaboatão, houve manifestação no quilômetro
16 da BR-232, mas o ato foi encerrado às 16h30.
Em um posto localizado na
Avenida Antônio de Góes, no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, o litro da
gasolina passou a ser vendido a R$ 8,99 durante a tarde desta quarta. Na
Avenida Agamenon Magalhães, na altura do bairro do Torreão, na Zona Norte do
Recife, um posto vendia o litro da gasolina a R$ 6,99. Na Avenida Getúlio
Vargas, em Olinda, houve postos que fecharam por causa da falta de combustíveis
e outros em que a gasolina acabou.
Por meio de nota, o Programa
de Orientação e Proteção ao Consumidor (Procon-PE) informou que recebeu
denúncias de práticas abusivas nos postos de gasolinas, de combustíveis sendo
vendidos por R$ 9, o litro. Por isso, o órgão enviou equipes de fiscais para
verificar os preços de venda do produto.
Três postos da capital
pernambucana foram autuados pelos preços abusivos. Dois deles, localizados na
Avenida Norte, no bairro de Santo Amaro, foram autuados. Os preços eram de R$
5,599 e R$ 4,999. O outro estabelecimento é de Boa Viagem, na Zona Sul, onde a
gasolina estava sendo vendida a R$4,899. Na segunda-feira (21) o preço do
combustível, no mesmo estabelecimento, era de R$4,399.
Suape
Nesta quarta-feira (23), os
terminais instalados no Porto de Suape, no Grande Recife, tiveram o acesso de
caminhões interrompido por um grupo de manifestantes, segundo a administração
do complexo portuário. Com a mobilização nacinal, a carga e descarga de
produtos e as operações portuárias estão comprometidas. Ônibus e veículos
menores têm acesso normal.
A Justiça Federal concedou
liminar, na noite de terça (22), determinando que o Sindicato dos Condutores em
Transportes de Cargas Autônomos de Pernambuco (Sintracape) autorize o acesso de
uma empresa terceirizada, que transporta combustível aeroviário, ao Porto de
Suape.
A Infraero apontou que os
aeroportos operam normalmente nesta quarta (23) e que monitora o abastecimento
de querosene de aviação por parte dos fornecedores que atuam nos terminais,
além de estar em contato com companhias aéreas e órgãos públicos relacionados
ao setor aéreo para garantir o fornecimento de combustível de aviação.
A medida atende a um pedido
da União, já que o protesto afeta tanto a atividade portuária quanto a
regularidade de fornecimento de combustíveis para o Aeroporto Internacional do
Recife-Guararapes/Gilberto Freyre. Por volta das 9h, o Porto de Suape informou
que os manifestantes permitiram o acesso dos caminhões que fazem transporte de
combustível de aviação.
De acordo com a
administração do porto, 12 navios estão na área do ancouradouro, por causa de
indisponibilidade de área para armazenagem de mercadoria nos tanques. Até
quinta-feira (24), o porto estima que outros navios sejam impedidos de atracar
em Suape por causa da lotação da área para armazenagem ou falta de carga para
embarque. Todas as empresas do porto organizado e embarcações tiveram o
fornecimento de mantimentos interrompido.
As operações de embarque e
desembarque de veículos foram canceladas devido à ausência de carga da fábrica
da Fiat em Goiana, no Grande Recife, e em Betim, em Minas Gerais. De acordo com
o porto, os silos da Bunge Moinho, que armazena trigo, estão quase sem
capacidade de armazenamento, impossibilitados de receber o produto de novas
embarcações e de realizar a distribuição para padarias e indústrias.
Com a paralisação, o
Terminal de Contêineres (Tecon Suape) corre o risco de ter a operação
comprometida, já que os equipamentos que fazem a operação marítima de embarque
e desembarque dos contêineres (portêineres) necessitam de óleo combustível para
funcionamento e porque não há escoamento das mercadorias por via rodoviária.
Na terça-feira (22), os
manifestantes permitiram a entrada de um caminhão carregado com nitrogênio para
o resfriamento do terminal da Ultracargo, que armazena produtos de alta
periculosidade. O produto, não disponível no porto, é suficiente para operação
até esta quarta-feira (23).
O gás de cozinha (Gás
Liquefeito de Petróleo) que atende diariamente a cerca de 30 mil famílias e
pequenos comércios em diversas cidades de Pernambuco sai de Suape. Desde
segunda-feira (21), nenhum produto foi retirado do porto. O desabastecimento,
segundo o porto, impacta 200 clientes diretos por dia, como hospitais,
indústrias, restaurantes, hotéis e prédios residenciais.
O óleo combustível utilizado
em geradores convencionais que funcionam em locais como hospitais, escolas e
postos de saúde, também não saiu do porto, assim como a gasolina e etanol que
estão no terminal.
A termoelétrica Suape
Energia também não recebeu óleo combustível, que é transportado apenas por via
rodoviária. Toda a carga encontra-se armazenada dentro do porto organizado.
Correios
A não distribuição de
combustível também afeta a operação dos Correios, que suspenderam as postagens
com dia e hora marcados (Sedex 10, 12 e Hoje). Por meio de nota, a empresa
informou, ainda, que a paralisação "tem gerado forte impacto às operações
da empresa em todo o país". Os serviços Sedex e PAC, bem como o de
correspondências, também sofrem com acréscimo de dias do prazo de entrega
estipulado.
Fonte : G1
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