Autoridades
da saúde da palestina dizem que duas pessoas ficaram feridas em novos
confrontos na fronteira entre Gaza e Israel neste sábado (31), informa a
agência Reuters. Um porta-voz do Exército israelense afirmou estar checando os
detalhes. Ao sul da Faixa de Gaza, segundo a Reuters, moradores disseram que
tropas israelenses deram disparos de aviso em direção a uma multidão de jovens,
alguns dos quais queimavam pneus.
Ainda, dezenas de jovens
palestinos estão se reaproximando da fronteira, ainda que a área tenha ficado
predominantemente quieta um dia após uma violência fatal ter rompido em uma das
maiores manifestações palestinas em anos, informa a agência Reuters.
Na sexta-feira (30), 16
palestinos morreram e outros 2 mil ficaram feridos nos confrontos. Neste sábado
(31), milhares compareceram aos funerais das vítimas, com bandeiras palestinas,
enquanto muitos pediam "vingança".
Além dos confrontos, uma greve
geral foi convocada para este sábado (31) nos dois territórios palestinos, a
Faixa de Gaza e a Cisjordânia ocupada.
Representantes das Nações
Unidas disseram neste sábado (31) temer os confrontos do protesto que devem
durar ainda seis semanas. As manifestações, conhecidas como "Marcha do
Retorno", são organizadas pela sociedade civil, com o apoio do Hamas, e
denuncia o bloqueio imposto por Israel a Gaza.
O secretário-geral da ONU,
Antonio Guterres, pediu uma "investigação independente e
transparente" sobre os confrontos de sexta-feira na Faixa de Gaza. O
Conselho de Segurança da ONU se reuniu em caráter de emergência na sexta-feira
para analisar a explosão de violência em Gaza, mas não conseguiu chegar a um
acordo sobre uma declaração conjunta.
Israel defende ação
O governo israelense
defendeu a ação de seus soldados, que abriram fogo na sexta-feira (31) contra
os palestinos que se aproximaram da fortificada cerca da fronteira entre a
Faixa de Gaza e Israel. Segundo o Exército israelente, os tiros só foram
disparados dentre aqueles que incitaram maior violência, informa a France
Presse.
Os militares israelenses
alegaram que atiraram apenas quando foi necessário, quando os "agitadores
usavam pneus em chamas e lançavam bombas incendiárias e pedras contra a cerca
de segurança e as tropas". Um porta-voz militar afirmou que 30.000
manifestantes participaram nos protestos de sexta-feira.
Fontes militares também
citaram tentativas de destruir a cerca e de invasão do território israelense.
Mas os palestinos acusam
Israel de uso "desproporcional da força". Organizações de defesa dos
direitos humanos questionaram o uso de balas reais.
Além dos 16 mortos,
confrontos deixaram mais de 1.400 feridos, 758 deles por tiros e os demais por
balas de borracha ou inalação de gás lacrimogêneo, segundo o ministério da
Saúde de Gaza.
Os confrontos não deixaram
vítimas do lado israelense.
O mundo 'deve intervir'
O presidente palestino
Mahmud Abbas decretou um dia de luto nacional neste sábado e responsabilizou
Israel pelas mortes de sexta-feira, informa a France Presse.
"O grande número de
mártires e de pessoas feridas nas manifestações populares e pacíficas demonstra
que a comunidade internacional deve intervir para garantir a proteção do povo
palestino", disse Abas.
Um porta-voz do exército
israelense classificou neste sábado os acontecimentos da véspera de
"atividade terrorista organizada".
Também acusou o movimento
islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza e protagonizou três guerras contra
Israel desde 2008, de estar por trás das manifestações.
A Marcha do Retorno
A "grande marcha pelo
direito de retorno" coincidiu ainda com o "Dia da Terra", uma
homenagem prestada no dia 30 de março a seis árabes israelenses mortos em 1976
em protestos contra a apreensão de terras por Israel.
Os árabes israelenses são os
descendentes dos palestinos que permaneceram no território após a criação do
Estado de Israel em 1948.
Outro tema de disputa entre
israelenses e palestinos é o status de Jerusalém, que se tornou ainda mais
delicado desde que o presidente americano Donald Trump decidiu reconhecer a
Cidade Sagrada como capital de Israel e transferir para a cidade a embaixada
dos Estados Unidos.
O exército israelense
anunciou que enviou reforços para a fronteira para impedir entradas durante a
Pessach, a Páscoa judaica, celebrada desde sexta-feira à noite.
Fonte : G1
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