A
Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas de Pernambuco (FCDL-PE) divulgou
ontem uma nota em que apela para que o comércio no Estado seja reaberto.
Os
negócios estão fechados desde o último dia 20, por ordem do governador Paulo
Câmara, como medida para evitar proliferação do coronavírus.
Apesar do material
enviado à imprensa, não foi destinado nenhum ofício ao Palácio do Campo das
Princesas com a solicitação de reabertura. No documento, a FCDL-PE pontua que o
fechamento do comércio tem afetado a economia e arriscado a falência das
empresas, que dependem de faturamento diário para seguir no mercado.
A
principal preocupação tem sido com o comércio no interior do Estado, como
aquele que depende do polo de confecções. “Reconhecemos e prezamos por todos os
cuidados que precisam ser tomados por toda a população para a inibição do
contágio do coronavírus, mas não podemos deixar de entender o estado de emergência
econômica que está se estabelecendo no interior”, alerta o presidente da
FCDL-PE Eduardo Catão.
De acordo com a federação, cidades como Santa Cruz do
Capibaribe, Gravatá, Lajedo, Petrolina, Bezerros e muitas outras tiveram queda
de quase 100% na vendas. “O varejo formal não está vendendo nada. Com exceção
de negócios de primeira necessidade, ninguém pode abrir. Então esse documento é
a exposição de um sentimento das Câmaras de Dirigentes Lojistas”, ressalta
Catão. O empresário e presidente da CDL Recife, Cid Lobo, afirma que do ponto
de vista econômico, se pudesse reabrir amanhã, seria o ideal, mas defende
esperar pelo dia 6 de abril, fim dos quinze dias de quarentena, para reabrir o
comércio.
“Podemos reabrir em horário especial, tomando mais medidas
sanitárias, mas se esse prazo se entender será terrível”, opina Lobo. Ele ainda
completa: “Temos que pensar no bem-estar do funcionário, dos clientes, mas do
ponto de vista econômico, o comércio fechado tem impactos são muito fortes”,
comenta.
De acordo com o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), Rafael Ramos, a maior parte
do empresariado pernambucano é dono de micros e pequenos negócios e não têm
“gordura para queimar” durante a crise do coronavírus. “A maior parte fatura
hoje para pagar contas amanhã. Com 15 dias de quarentena já haverá fechamento
de empresas, se o prazo for ampliado, o resultado será pior”, analisa ele que
ainda ressalta a importância do isolamento social no combate à covid-19.
O
economista explica ainda que o fluxo de vendas já havia reduzido desde antes do
decreto por causa da redução de pessoas nas ruas. Ramos ainda defende que a
reabertura do comércio ao fim dos primeiros 15 dias de quarentena deve fazer os
empresários lançarem muitas promoções. “Mesmo que eles abram as lojas e o fluxo
de clientes permaneça baixo, eles têm a oportunidade de vender através das
compras de impulso”, argumenta Rafael Ramos. O economista defende que os
governos estadual e federal devem adotar medidas de mitigação ao prejuízo que
setor vem tendo.
Segundo ele, exemplos de outros países mostram que a injeção
de dinheiro para a população e oferta de crédito para as empresas como força de
reduzir os impactos. “São necessárias medidas mais robustas. Os EUA farão um
aporte de US$ 2 trilhões, que é o valor do PIB brasileiro. Aqui as medidas são
muito tímidas”, avalia. A boa notícia para o setor, no entanto, é que o varejo
deve ser um dos segmentos da economia a recuperar mais rápido da crise. “Haverá
uma demanda reprimida que fará as empresas voltarem a contratar aquelas que
pessoas que deverão ser demitidas neste primeiro momento”, diz Rafael Ramos.
Fonte : Paredão do Povo
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