
João
de Deus, de 77 anos, voltou a ser interrogado em audiência judicial realizada
na tarde desta sexta-feira (12), no Fórum de Abadiânia. A sessão foi
relacionada a dois processos pelos quais responde na Justiça, sendo um por
abusos sexuais durante os atendimentos espirituais que realizava e outro por
posse ilegal de armas. Ambos estão em segredo de Justiça.
Por volta das 17h40, João de
Deus deixou o fórum dentro do veículo da escolta prisional em direção a
Aparecida de Goiânia, onde está preso. Segundo a defesa, ele voltou a negar
'veementemente os abusos sexuais" mencionados na ação, que reúne cinco
denunciantes, e admitiu a posse das armas, mas alegou não saber que era crime
guardá-la em casa.
Os advogados de defesa Alex
Neder e Renato Martins comentaram que o interrogatório foi tranquilo e que João
de Deus respondeu a todas as perguntas feitas a ele.
“Audiência foi tranquila,
correu muito bem, seu João respondeu todas as perguntas, os fatos foram bem
esclarecidos. Ele assumiu a responsabilidade das armas. A esposa dele não sabia
de nada. Ele pegou essas armas de pessoas que iriam suicidar”, afirmou Neder.
“Ele tinha as armas em casa,
mas ele não sabia que era crime. O seu João é uma pessoa que não tem leitura,
não tem estudo. Ele não sabia das mudanças no estatuto do desarmamento. Não
sabia atirar, nunca atirou, nunca usou, nunca portou”, disse o advogado.
Para Neder, João de Deus foi
muito autêntico no interrogatório. "Foi muito honesto que ele não tinha
conhecimento que ter armas em casa era crime. Estavam lá em depósito”,
comentou.

Já em relação aos crimes
sexuais, o advogado Renato Martins informou que João de Deus afirmou não ter
cometido.
“Ele nega veementemente
qualquer prática criminosa”, disse o advogado Renato Martins.
O promotor de Justiça Luciano
Miranda explicou que não poderia comentar o conteúdo do interrogatório em razão
de ambos os processos estarem sob segredo de Justiça. Segundo ele, a medida
serve para proteger a identidade das vítimas.
“Não podemos revelar o
conteúdo do interrogatório. O que podemos dizer é que foi realizado
interrogatório a respeito de dois processos distintos. Um relativo à posse de
arma de fogo e outro a respeito de abusos sexuais envolvendo cinco vítimas”,
explicou o promotor de Justiça Luciano Miranda.
SEGUNDO DEPOIMENTO
A sessão, na qual somente
João de Deus foi ouvido, começou às 14h25. Ele chegou ao fórum por volta das
14h10 em um carro da escolta prisional, acompanhado por veículos da Polícia
Militar. A imprensa não foi autorizada a entrar no local.
João de Deus sempre negou as
acusações. Ele está detido desde dezembro do ano passado no Núcleo de Custódia
de Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital. Ele é réu em nove dos
dez processos abertos pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO).
No último dia 2, João de
Deus foi interrogado pela primeira vez pela Justiça, também em Abadiânia, com
relação aos quatro casos que compõem a primeira denúncia. Na ocasião, ele negou
qualquer abuso e disse ter se lembrado de apenas uma das mulheres.
PROCESSOS
João de Deus já foi
denunciado dez vezes. Ele é réu em nove casos:
Cinco por crimes sexuais:
dessas, duas já tiveram audiência realizada e outras duas estão com audiência
marcada;
Uma por crimes sexuais,
corrupção de testemunha e coação: ainda não teve audiência;
Uma por crimes sexuais e
falsidade ideológica: atualmente está em fase de citação (comunicação ao réu);
Duas por posse ilegal de
armas de fogo e munição: uma já teve audiência realizada, e o TJ não deu
detalhes sobre o outro caso.
APOIADORES
Cerca de 1h antes, às 13h20,
um grupo de apoiadores chegou ao fórum segurando cartazes e faixas e vestindo
camisetas em apoio a João de Deus e à Casa Dom Inácio de Loyola, onde ele
realizava seus atendimentos espirituais. Para eles, o réu é inocente.

“Somos muito gratos ao João
de Deus. Somos pessoas curadas pela Casa. Estamos muito tristes com toda essa
injustiça que está sendo feita com ele”, disse Joelma Martins dos Santos, que
frequenta a Casa Dom Inácio há 11 anos.
A apoiadora se mudou de
Minas Gerais com a família para fazer o tratamento espiritual do filho e hoje
tem uma pousada em Abadiânia.
“Nunca vi nada de errado. Os
meus filhos cresceram na Casa. Se eu tivesse visto qualquer coisa errada, eu
jamais apoiaria. O seu João curou meu filho quando ele era criança, tenho uma
eterna gratidão. Acho que tem muita coisa por trás [das acusações], mas não
posso falar muito porque não tenho como provar. Mas eu acredito nas entidades,
na justiça divina e acredito que tudo vai ser esclarecido”, afirmou.
Fonte : G1


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