A
análise do relatório do Coaf revela que a maior parte dos depósitos em espécie
na conta do ex-motorista de Flávio Bolsonaro coincidem com as datas de
pagamento na Assembleia Legislativa do Rio. Nove ex-assessores do filho do
presidente eleito repassaram dinheiro para o motorista.
Uma das filhas do assessor
Fabrício José Carlos de Queiroz continua contratada do gabinete do deputado
estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro, do PSL. O JN tentou falar com
Evelyn Mello de Queiroz nos últimos dois dias, mas ela não estava.
Além de Evelyn, uma irmã,
Nathalia, e mãe delas, Márcia, também trabalharam no gabinete de Flávio
Bolsonaro, mas até agora ninguém da família apareceu para explicar a quantidade
de depósitos e saques nas contas de Fabrício de Queiroz.
O Coaf apontou que Fabrício
teve uma movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão durante um ano.
O Jornal Nacional fez o
cruzamento das datas dos depósitos feitos em dinheiro nas contas do ex-assessor
com os dias de pagamento dos salários da Alerj entre janeiro de 2016 e janeiro
de 2017 e encontrou uma coincidência: em praticamente todos os meses, a maior
parte do dinheiro entra na conta de Fabrício no mesmo dia ou poucos dias depois
de os servidores receberem o salário.
Em março, abril, maio,
junho, agosto e novembro houve depósitos no mesmo dia do pagamento. Em
dezembro, teve depósitos um dia depois do salário e no mesmo dia em que foi
pago o décimo-terceiro para os funcionários da Alerj.
O levantamento do Coaf
mostra que as movimentações financeiras na conta de Fabrício Queiroz há nove
pessoas que foram ou são funcionários da Assembleia Legislativa do Rio.
O JN também analisou as
datas em que Fabrício sacou dinheiro. Nos meses de março, abril, maio, junho e
novembro ele começa a tirar dinheiro da conta no mesmo dia em que são feitos os
depósitos ou nos dias seguintes. Na maioria das vezes, o saque é de R$ 5 mil.
Isso tem uma explicação: é o
limite diário por agência no banco dele. Quando queria mais do que isso, ia
várias agências. Em pelo menos dois dias, ele foi a três para sacar R$ 15 mil
no total.
Fabrício José Carlos de
Queiroz pediu exoneração do gabinete de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro.
Em novembro, Fabrício também deixou a polícia depois de 35 anos de trabalho. A
aposentadoria dele como subtenente saiu no Diário Oficial.
O Coaf mostrou que Fabrício
ganhava nos dois empregos R$ 23 mil.
Em 2002, numa ação contra a
Polícia Militar, ele declarou que não tinha condições de pagar custas do
processo nem honorários do advogado e pediu o benefício da gratuidade de
justiça.
O endereço informado por ele
no documento fica num prédio, na Zona Oeste do Rio, mas o porteiro disse que
Fabrício não mora mais no local.
O jornal “O Globo” descobriu
um outro endereço dele. A casa simples fica numa vila no bairro da Taquara,
também na Zona Oeste do Rio.
O JN foi até lá nesta
terça-feira (11), mas não havia ninguém da família. Vizinhos, que não aparecem
na imagem, confirmaram que a casa é de Fabrício, mas disseram que a família não
está sempre por ali.
O relatório do Coaf levanta
a possibilidade de que os saques e os depósitos tenham sido feitos para ocultar
a origem ou o destino final do dinheiro que passava todos os meses pela conta
de Fabrício. Investigadores dizem que a quebra do sigilo bancário dos
envolvidos poderia ajudar a esclarecer essas dúvidas.
A investigação está com o
Ministério Público estadual e corre em segredo.
O QUE DIZEM OS CITADOS
A assessoria do senador
eleito Flávio Bolsonaro declarou que ele não é investigado, que está à
disposição para prestar os esclarecimentos às autoridades e que Flávio
Bolsonaro é o principal interessado em que tudo se esclareça o quanto antes.
Fonte : G1
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