As
vítimas que sobreviveram ao acidente com um avião bimotor no Campo de Marte,
neste domingo (29), não sofreram queimaduras porque o tanque de combustível,
que fica na asa, não explodiu, segundo o chefe dos bombeiros da Infraero, no
Campo de Marte, Fábio Romero. Cinco passageiros saíram do avião e ficaram
andando em volta da aeronave.
O piloto Antonio Traversi,
que morreu no acidente, declarou emergência antes de cair. Vídeos registraram o
acidente.
"Quando a aeronave
tocou o solo ela deixou um rastro de uns 50 metros entre combustível e
destroços, as labaredas de fogo ficaram nesse rastro. A nossa ação foi muito
rápida e com isso não deu tempo de explodir as asas, onde o combustível é
armazenado. Com essa ação rápida a gente conseguiu resfriar a fuselagem e
combatemos o incêndio para não ter a explosão, disse Fábio Romero, chefe dos
bombeiros da Infraero, no Campo de Marte.
Ele disse que recebeu um
chamado da torre de controle informando da aproximação de um avião com
problemas no trem de pouso. "Por protocolo, em qualquer pouso já ficamos
posicionados na pista. A aeronave passou uma vez para a gente ver se o trem de
pouso estava abaixado e estava abaixado."
Romero disse ainda que a
aeronave passou uma segunda vez, em baixa altitude, para testar o trem de
pouso. "O piloto tocou na pista para ver se o trem estava ok e arremeteu
com ele travado. Na terceira vez a aeronave veio para a pista e aconteceu o
acidente."
"Usamos a espuma para
apagar o fogo, que é o indicado em aeródromo. As vítimas estavam assustadas,
mas estavam orientadas, com estado geral bom e as encaminhamos para o
atendimento avançado com médico. Cinco vítimas saíram andando do avião. Duas
nós retiramos da aeronave, uma ferida e a outra infelizmente em óbito."
VEJA QUEM SÃO AS VÍTIMAS:
Antonio Traversi - era o
piloto da aeronave e da Videplast há pelos menos 18 anos e tinha mais de cinco
mil horas de voo. Segundo os bombeiros, ele morreu no acidente. O corpo dele
foi liberado pelo IML na noite desta segunda (30) e será levado para Santa
Catarina;
Nereu Denardi - sócio da
Videplast. Foi socorrido e levado ao Hospital do Mandaqui;
Geraldo Denardi - sócio da
Videplast e irmão de Nereu. Internado no Hospital Santa Isabel, passou por
tomografia e, segundo a família, está consciente; assessoria do centro médico
diz que ele está estável, sem previsão de alta hospitalar;
Enzo - tem 17 anos e é filho
de Nereu. Internado no Hospital Santa Isabel, passou por tomografia e, segundo
a família, está consciente; assessoria do centro médico diz que ele está
estável, sem previsão de alta hospitalar;
Aguinaldo Nunes -
coordenador da Videplast. Foi socorrido e levado para o Hospital São Camilo.
Segundo o centro médico, estado de saúde é estável; ele não tem previsão de
alta;
Agnaldo Crippa - gerente da
Videplast. Foi socorrido no Hospital San Paolo; segundo boletim divulgado pelo
centro médico nesta segunda (30), ele foi vítima de politraumatismo secundário
e “encontra-se na Unidade de Terapia Intensiva Adulto, sob ventilação mecânica
invasiva devido à inflamação importante de vias aéreas por inalação de grande
quantidade de fumaça tóxica, fato que prejudica a capacidade de oxigenação nos
pulmões”.
“Do ponto de vista
neurológico, permanece estável, com pupilas reagentes sem sinais de sangramento
cerebral, apresentando ferimento corto contuso na região do escalpo. Seu estado
de saúde ainda requer cuidados intensivos e hoje ele será submetido a um exame
invasivo de broncoscopia para avaliação complementar das vias aéreas”, diz o
comunicado.
Benê Souza - foi socorrido e
levado para o Hospital das Clínicas; o estado de saúde dele é estável.
Em nota, a Videplast diz que
os seis passageiros “estão hospitalizados e recebendo todos os cuidados médicos
necessários”. O comunicado acrescenta que “a direção da empresa está envolvida
em prestar o melhor atendimento para todas as famílias envolvidas.”
“As atividades da empresa
seguem normalmente e maiores informações serão repassadas após investigações
das autoridades competentes”, acrescenta a Videplast.
O aeroporto Campo de Marte
abre às 6h, mas ficará fechado até as 19h desta segunda-feira (30), informou a
Infraero. Segundo a estatal, o fechamento ocorre para facilitar o trabalho da
perícia.
ACIDENTE
O acidente ocorreu no início
da noite deste domingo (29) no aeroporto Campo de Marte, na Zona Norte de São
Paulo.
O avião de prefixo PP-SZN é
um bimotor King Air C90, com capacidade para sete passageiros, que pertence à
Videplast, empresa que fabrica embalagens plásticas com sede em Santa Catarina.
Segundo a Anac, a aeronave foi fabricada em 2008 e estava em estado regular.
De acordo com a Infraero, a
avião decolou por volta das 15h30 da cidade catarinense de Videira, com 5
passageiros e dois tripulantes. O acidente ocorreu durante o pouso na capital
paulista, cerca de 3 horas após a partida.
As circunstâncias do
acidente serão investigadas pelo Cenipa, órgão da Força Aérea Brasileira (FAB).
Testemunhas no Campo de Marte disseram que o avião havia tentado pousar, mas o
piloto não tinha certeza de que o trem de pouso estava baixado. Então,
sobrevoou a pista para que a torre de controle confirmasse, visualmente, que o
trem de pouso estava ativado. Depois, fez uma tentativa de pouso e arremeteu. O
acidente teria ocorrido na terceira tentativa, por essa versão.
O incêndio provocado pela
queda do avião foi controlado pela brigada do próprio Campo de Marte. Quatro
vítimas sofreram traumatismo craniano, outra sofreu traumatismo abdominal. Uma
das vítimas foi socorrida e levada para o Hospital das Clínicas pelo
helicóptero Águia, da PM e as demais foram encaminhadas para hospitais da Zona
Norte de São Paulo.
Em nota, a FAB disse que
investigadores do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (Seripa IV), órgão do Centro de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), realizam uma ação no local do acidente no
Campo de Marte. Segundo a Força Aérea, "esse é o começo do processo de
investigação e possui o objetivo de coletar dados: fotografar cenas, retirar
partes da aeronave para análise, reunir documentos e ouvir relatos de pessoas
que possam ter observado a sequência de eventos."
Ainda segundo a nota, a
investigação realizada pelo Cenipa tem o objetivo de prevenir que novos
acidentes com as mesmas características ocorram.
Fonte : G1
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