MORADORES SÃO CADASTRADOS E GCM IMPEDE QUE MAIS VENEZUELANOS OCUPEM PRAÇA FECHADA EM BOA VISTA

Imigrantes venezuelanos que vivem na praça Simón Bolívar em Boa Vista estão sendo cadastrados. O local foi isolado com tapumes no sábado (31) e agora tem a entrada e saída controlada 24 horas por dia por agentes da Guarda Civil Municipal (GCM).
                                                     
Segundo Angel Sandoval, líderança entre os venezuelanos, não é mais permitido que novos moradores se instalem na praça. Hoje o local tem cerca de 600 moradores e é um dos principais pontos de aglomeração de venezuelanos recém-chegados ao país.

"Hoje de manhã [domingo, 1º] funcionários da prefeitura estiveram aqui e nos cadastraram. Desde a sexta estão colhendo nossos dados e dando pulseiras de acordo com o que queremos. Quem tem interesse em ir para outros estados [no processo de interiorização previsto para começar em 5 de abril] recebe pulseira na cor verde e quem quer ficar em Boa Vista recebe a da cor azul".


Angel Sandoval disse que os moradores foram pegos de surpresa pela ação da prefeitura na manhã de sábado. No entanto, após a colocação dos tapumes, o local "ficou mais seguro".

"Achamos que o fechamento da praça nos dá maior segurança, porque já jogaram pedras na gente, e ocorreram atropelamentos nas vias no entorno da praça", afirmou Sandoval, acrescentando que não se sabe por quanto tempo será permitido que se viva no local. "Nos falaram que na semana que vem vão retirar todos daqui, mas não se sabe para onde irão nos levar. Em nenhum momento, a prefeitura nos explicou o que está sendo feito".

Placas onde se lê "manutenção" foram instaladas ao redor da praça. A prefeitura alega que o espaço vai ser revitalizado para recuperar os danos causados em virtude da ocupação, e que a ação já estava prevista para acontecer.

Na última semana, moradores da Simón Bolívar foram levados para o novo abrigo aberto na capital, que fica no bairro Jardim Floresta e é administrado pelo Exército em parceria com o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur).

"Antes aqui tinham 1,2 mil moradores. Agora, são cerca de 600, porque os demais, principalmente mulheres e crianças, foram levados para o novo abrigo".


Porém, segundo Sandoval, desde que a praça foi cercada nenhum imigrante foi realocado para os abrigos da cidade. Os recém-chegados são orientados a buscar outro lugar para ficar. A cerca foi instalada na praça das 6h às 19h. Nesse intervalo não houve tumulto e nem confronto entre moradores e os funcionários da prefeitura.

Ele relatou ainda que os venezuelanos abrigados na Simón Bolívar têm recebido cada vez menos doações. Neste domingo, por exemplo, até o meio da tarde os imigrantes só tinham ganhado café da manhã. Desde o início da ocupação da praça, há cerca de seis meses, a alimentação é doada por ONGs, igrejas e moradores.

Procurada neste domingo, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura informou que só vai se pronunciar sobre as ações na praça Simón Bolíver em coletiva de imprensa marcada para o dia 3 de abril.

Em nota divulgada no sábado, a Prefeitura de Boa Vista informou que o trabalho de manutenção na praça já estava previsto e que só ocorreu agora porque o Exército fará o realocamento das famílias nos abrigos


A assessoria da Força-Tarefa Humanitária do Governo Federal em Roraima informou que as pessoas em situação de vulnerabilidade que estão em praças e outros locais serão levadas para os abrigos, porém não há uma data exata para que todos que vivem na Simón Bolivar sejam retirados.

Na semana que vem, segundo o Exército, um novo abrigo deve ser aberto na capital e funcionará em um terreno no São Vicente, zona Sul. Inicialmente o espaço terá vagas para cerca de 250 pessoas.


Roraima lida desde 2015 com a chegada de venezuelanos que fogem da fome e chegam ao estado em busca de trabalho. Só nos primeiros 45 dias desse ano, 18 mil entraram no país. A prefeitura estima que 40 mil imigrantes estão vivendo na capital.
Fonte : G1

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