A Segurança
Pública do Rio tem um déficit de R$ 3,1 bilhões, segundo o interventor federal
general Braga Netto. A informação foi passada inicialmente pelos deputados da
bancada do Rio de Janeiro, que integram a Comissão Externa de Acompanhamento da
Câmara Federal, após encontro com o interventor na manhã desta segunda-feira
(19), no Centro de Controle Integrado de Segurança, no Centro do Rio. O
Gabinete de Intervenção Federal (GIF) confirmou que o general passou a
informação aos parlamentares durante a reunião.
No início da tarde, o
presidente Michel Temer disse, em entrevista ao O Globo durante evento em Brasília,
que a verba para a intervenção do Rio deve ser entre R$ 600 e R$ 800 milhões.
Na noite desta
segunda-feira, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência informou que o
governo definiu que a intervenção no Rio de Janeiro receberá R$ 1 bilhão. Ainda
segundo a assessoria da Presidência, a verba para o Ministério da Segurança
pode chegar a R$ 4 bilhões.
Os recursos deverão constar
de uma medida provisória a ser editada pelo presidente Michel Temer ainda nesta
semana.
De acordo com levantamentos
feitos pelo gabinete a divisão ocorreria da seguinte forma:
R$ 1 bilhão - para despesas com pessoal
R$ 600 milhões - pagamentos de dívidas já
existentes
R$ 1,5 bilhão - custeio e investimentos até
o fim do ano
“As forças de segurança
pública têm um total de R$ 1,6 bilhão para pagar. Some-se isso ao R$ 1,5 bilhão
de verbas que ainda nem chegaram e temos um passivo de R$ 3,1 bilhões para a
área de segurança do Estado este ano. Como o Governo Federal anunciou um aporte
de R$ 1 bilhão para a intervenção, o que existe é uma operação deficitária. Ou
seja, fica mais que claro que a intervenção foi feita de maneira improvisada e
sem planejamento nenhum”, afirmou o deputado Alessandro Molon (PSB), um dos
integrantes da comissão.
No domingo (18), o ministro
do Planejamento e Gestão, Dyogo Oliveira, afirmou que a pasta vai aprovar um
crédito extraordinário de R$ 1 bilhão para a intervenção no Rio de Janeiro. A
fonte dessa verba, no entanto, ainda não havia sido definida. Segundo ele, a
situação será resolvida até o fim desta semana.
O déficit de R$ 3,1 bilhões,
calculado pelo coronel Braga Netto, foi anunciado pelo coordenador da comissão,
deputado Hugo Leal (PSB), que revelou, também, um número de 20 mil policiais a
menos nas polícias do Rio.
"Os quadros das
polícias civil e militar têm um déficit de 20 mil pessoas – 10 mil em cada
corporação. Essa é outra questão que precisa ser resolvida", avaliou o
deputado.
Reunião com Pezão
Depois da reunião com os
parlamentares, Braga Netto foi se encontrar com o governador Luiz Fernando
Pezão, no Palácio Guanabara.
Em seu twitter, Pezão falou
que nos próximos dias vai finalizar um levantamento com as prioridades da área
para balizar a liberação e o uso de recursos. O governador disse que os
recursos este ano podem chegar a R$220 milhões.
Segundo o governador, além
dos valores liberados pelo Governo Federal, o Rio terá em breve recursos do
Fundo Estadual de Investimentos e Ações de Segurança Pública e Desenvolvimento
Social (Fised).
"São recursos que deve
capitalizar, somente este ano, entre R$ 200 milhões e R$ 220 milhões, a serem
aplicados em investimentos na Segurança Pública", escreveu o governador.
"O Rio de Janeiro é um dos estados brasileiros com maior investimento per
capita em segurança e a maior parte desses recursos é destinada ao pagamento de
salários dos servidores, o que acaba restringindo os investimentos na área",
argumentou.
Pezão também disse que já
começou o processo de compra de cerca de 900 novas viaturas para as polícias
Militar e Civil. As primeiras 290 vão chegar em abril.
Marielle
Durante a reunião do general
Braga Netto com os parlamentares, também foi dito que a investigação sobre o
assassinato da vereadora Marielle Franco, morta a tiros na noite da última
quarta-feira (14) no Estácio, região central da cidade, ainda está em estágios
iniciais. A infomação foi passada pelo deputado Chico Alencar (PSOL).
"O secretário de
Segurança, coronel Richard Nunes, afirmou que o assassinato da Marielle é uma
prioridade absoluta da polícia. Mas ele falou que prioridade não pode
significar precipitação, lembrando que a resolução da morte da juíza Patrícia
Acioli demorou 60 dias. Segundo os responsáveis pela intervenção, a
investigação ainda está no início", disse o parlamentar.
"Ainda estamos sob o
impacto do assassinato da Marielle. E pior: ela sofre uma espécie de segunda
morte por conta de toda a campanha difamatória feita contra ela nas redes
sociais", finalizou Alencar, que levou à reunião cartazes em homenagem à
vereadora.
Fonte : G1
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