Após
dias de queda de suas ações na bolsa dos Estados Unidos, o Facebook perdeu mais
de US$ 49 bilhões em valor de mercado em dois dias. A queda no período foi de
9,15%, de acordo com dados da Economatica.
A empresa também caiu no
ranking das maiores em valor de mercado no mundo. Antes, ocupava a 5ª posição,
mas foi ultrapassada por Alibaba e Berkshire.
Empresas e valor de mercado,
em US$ milhões
As perdas acontecem em meio
a um escândalo sobre vazamento de dados no qual a empresa está envolvida.
Parlamentares do Reino Unidos convocaram o presidente-executivo do Facebook,
Mark Zuckerberg, para prestar esclarecimentos sobre o vazamento de dados de 50
milhões de usuários.
Entenda o escândalo de uso
político de dados que derrubou valor do Facebook
A companhia de rede social
disse nesta terça-feira que enfrentou questionamentos da Comissão Federal de
Comércio do EUA sobre como os dados pessoais de seus usuários foram minados por
uma consultoria política contratada pela campanha do presidente Donald Trump.
Neste domingo (18), o
Facebook informou que está investigando o vazamento de dados provocado por uma
empresa britânica que trabalhou para a campanha de 2016 do presidente
americano, Donald Trump. A empresa de consultoria Cambridge Analytica manipulou
informação de mais de 50 milhões de usuários da rede social nos Estados Unidos.
A companhia obteve as
informações em 2014 e as usou para construir uma aplicação destinada a prever
as decisões dos eleitores e influenciar sobre elas, segundo revelaram neste
sábado os jornais "London Observer" e "New York Times".
Depois disso, o Facebook
suspendeu a conta da Cambridge Analytica e de sua matriz, Strategic
Communication Laboratories (SCL), além de informar que descobriu o vazamento de
dados pela primeira vez em 2015.
"Estamos dirigindo uma
revisão integral, interna e externa, para determinar se são certas as
informações de que os dados em questão do Facebook ainda existem", afirmou
Paul Grewal, vice-presidente e membro da equipe legal do Facebook, em
comunicado.
Repercussão
Este é um dos maiores
vazamentos de dados na história do Facebook. Além da queda na Bolsa, a
revelação do acesso indevido de dados já provoca repercussões em outros campos.
Legisladores britânicos e americanos pediram explicações à empresa. A
procuradora-geral do estado de Massachusetts, Maura Healey, abriu uma
investigação contra a empresa.
O presidente do Parlamento
Europeu disse nesta segunda-feira que os legisladores da União Europeia vão
investigar se ocorreu o uso indevido de dados, ao classificar as alegações de
uma violação inaceitável dos direitos de privacidade dos cidadãos. Na Alemanha,
o Partido Verde também disseu que pediu ao governo alemão que informe ao
parlamento sobre o impacto doméstico.
O caso poderia gerar também
uma multa multimilionária para o Facebook. A suspeita é que a empresa teria
violado uma regulação da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em
inglês) que protege a privacidade dos usuários de redes sociais.
"Acredito que a FTC vai
querer investigar isto", disse um ex-funcionário dessa agência federal,
David Vladeck, ao jornal "Washington Post".
Brian Acton, cofundador do
WhatsApp, também comentou o caso no Twitter, dizendo que era hora de deletar
sua conta. Acton trabalhou por 8 anos no WhatsApp, que foi comprado em 2014
pelo Facebook por US$ 19 bilhões em dinheiro e ações.
Como foi o vazamento
Segundo a rede social,
Aleksandr Kogan, um professor de psicologia russo-americano da Universidade de
Cambridge, acessou os perfis de milhões de usuários que baixaram um aplicativo
para o Facebook chamado "This is your digital life" e que oferecia um
serviço de prognóstico da personalidade.
Com esse acesso, ele
encaminhou mais de 50 milhões de perfis à Cambridge Analytica. Desses, 30
milhões deles tinham informações suficientes para serem exploradas com fins
políticos. Ele conseguiu esses dados apesar de somente 270 mil usuários terem
dado seu consentimento para que o aplicativo acessasse sua informação pessoal,
segundo o "NYT".
Ao compartilhar esses dados
com a empresa e com um dos seus fundadores, Christopher Wylie, Kogan violou as
regras do Facebook, que eliminou o aplicativo em 2015 e exigiu a todos os
envolvidos que destruíssem os dados coletados.
"Há vários dias, recebemos
informes que nem todos os dados foram apagados", indicou o Facebook,
advertindo que estava disposto a ir aos tribunais para resolver o tema.
Cambridge Analytica
Entre os investidores na
Cambridge Analytica estão o ex-estrategista-chefe de Trump e ex-chefe da sua
campanha eleitoral em 2016, Steve Bannon, e um destacado doador republicano,
Robert Mercer.
A campanha eleitoral de
Trump contratou a Cambridge Analytica em junho de 2016 e pagou mais de US$ 6
milhões a ela.
Fonte : G1
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