A bebê Maria Louize, de 8
meses, uma das vítimas do atropelamento coletivo no calçadão de Copacabana, na
Zona Sul do Rio, na noite de quinta-feira (18), foi enterrada na tarde deste
sábado (20), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul em clima
de forte comoção. Durante o enterro, os amigos aplaudiram e gritaram por
“justiça”.
Agarrada ao caixão, a mãe
Niedja Araújo dizia: “minha filha, Maria, minha filha” e repetia
insistentemente: “não, não, não, não”.
Após o enterro, Niedja deu
entrevista e voltou a pedir punição para o motorista.
“Eu quero justiça, porque
ele tirou minha filha de mim. Minha filha está lá [no cemitério], e ele está
onde? . E ele tá aonde, tá solto. Safado! . Eu quero que ele pague, porque a
minha filha não volta mais. A minha dor vai ser eterna. Como é que eu vou
voltar para minha casa. Tudo lá tem o jeitinho dela. Eu estou destruída. Ele
não matou só ela, ele matou a mim também", disse.
No velório, o pai de Maria
Louize, o motorista Darlan Rocha, ficou por volta de 20 minutos chorando em
cima do caixão. A mãe, que também ficou ferida no acidente, chegou ao cemitério
de cadeira de rodas, chorando muito. "Quero minha filha!", gritava.
Em entrevista, Darlan voltou
a desabafar e chamou o motorista Antonio Almeida Anaquim de monstro: "É
inexplicável como um motorista pode dirigir com a carteira suspensa".
O casal foi amparado por
pastores da Assembleia de Deus. O enterro foi custeado pela igreja já que os
pais estão em dificuldades financeiras. Eles contaram que Niedja passou a noite
na casa deles porque ela mora na Ladeira dos Tabajaras num local de difícil
acesso e que ela não teria como chegar por causa dos ferimentos na perna.
Segundo eles, Niedja não
dormiu e chorou a noite inteira. Eles tentaram convencê-la a vir mais tarde
para o velório, mas não conseguiram.
"Ela quis vir cedo para
o velório. Está sendo muito doloroso para essa mãe de 23 anos, que estava
começando a construir sua família, que numa noite de muito calor foi à praia
para se refrescar e voltou pra casa sem o seu bebê. Não entendo como alguém
dirige com a carteira suspensa e anda mente", disse a pastora Vera.
Claudia dos Santos Araújo,
vizinha da família na comunidade do Tabajaras disse que o atropelador acabou
com o sonho da família de ter a criança, considerada uma menina “muito alegre”:
“Ela é um anjinho que foi
pro céu, mas isso não pode ficar impune”, afirmou ela.
Ação na Justiça
O advogado Carlos Alberto do
Nascimento, que defende a família do bebê disse que vai entrar, na
segunda-feira (22), com uma ação pedindo que o atropelador custeie o tratamento
da mãe - que não está em condições de trabalhar. Ele discorda da avaliação do delegado
de que o motorista deva responder por homicídio culposo.
"Vamos acompanhar o
inquérito, porque não acham que seja correto que ele seja indiciado por
homicídio culposo. Ele deveria ao menos responder pelo dolo eventual, já que
ele mentiu para o Detran, quando disse que não tinha doença nenhuma, forneceu
informações falsas num documento público e assumiu o risco, ao dirigir com a
carteira suspensa. Aliás, ele é reincidente nesse tipo de risco já que foi
multado por andar de moto sobre a calçada botando a vida de outros em risco
", disse Nascimento.
Ele também pretende pedir
ajuda ao Ministério Público para entrar com uma ação indenizatória para a
família de Maria Louize.
Feridos atropelamento
Oito pessoas permanecem
internados em dois hospitais municipais. Entre eles, um turista australiano,
que está em estado grave no Hospital Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul.
Antônio Almeida Anaquim, o
motorista que atropelou as pessoas no calçadão, vai responder em liberdade por
homicídio culposo (quando não há intenção de matar).
Segundo o Departamento
Estadual de Trânsito (Detran), Antonio está com a carteira de habilitação
suspensa desde maio de 2014. Em nota, o órgão afirmou que o motorista terá o
documento cassado, porque dirigir com a carteira suspensa configura crime de
trânsito.
Ao ser conduzido para a
delegacia, Antonio alegou que sofreu um ataque epilético. Ele, porém, negou ao
Detran que sofria de epilepsia em um questionário assinado em 2015, no ato da
renovação de sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH). No documento, afirmou
nunca ter sofrido "tonturas, desmaios, convulsões ou vertigens", bem
como não ser acomedito por doença neurológica.
Fonte : Ge
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