O número de refeições servidas mensalmente pelo
Bom Prato, programa estadual de alimentação a baixo custo destinado à população
vulnerável, saltou de 2 milhões para 3,2 milhões em razão da pandemia do novo
coronavírus. É o que afirma a secretária estadual de Desenvolvimento Social,
Célia Parnes.
O Bom Prato oferece café da manhã a R$ 0,50 e
almoço e jantar a R$ 1 sete dias por semana. O programa disponibiliza ainda as
três refeições diárias gratuitamente a mais de 50 mil sem-teto cadastrados em
programas de acolhida das prefeituras de todo o estado.
Antes da pandemia, o programa não oferecia o
jantar a R$ 1 nem as refeições gratuitas à população em situação de rua. O
atendimento até se restringia ao período de segunda-feira a sexta-feira. Agora,
funciona também aos fins de semana.
"Inclusive, [cresceu] a demanda de pessoas que passaram a retirar mais de uma embalagem para si e para seus familiares", diz a secretária Célia Parnes.
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento
Social, atualmente, existem 59 restaurantes do programa em todo o estado. Vinte
e dois deles ficam na capital paulista.
Para evitar aglomerações dentro dos
restaurantes, após o início da pandemia, a Secretaria de Desenvolvimento Social
decidiu distribuir em marmitas acondicionadas em embalagem descartável.
Público novo
Segundo a secretária Célia Parnes, um público
novo está recorrendo às refeições subsidiadas pelo programa estadual. "São
muitas pessoas que nem conheciam as refeições do Bom Prato e agora estão
recorrendo a essa alimentação. De fato, um público novocomo agora os
invisíveis, pessoas que perderam suas atividades, seu trabalho e famílias
inteiras.”
De acordo com a secretária, dado esse formato
ampliado do programa, um ano de pandemia fez o governo do estado bancar R$ 170
milhões para subsidiar as refeições oferecidas à população vulnerável.
Esse novo esquema de funcionamento do Bom Prato
valerá até pelo menos até o fim de abril. Uma prorrogação desse modelo pode
acontecer e vai depender da situação da pandemia do novo coronavírus.
Pandemia da fome
Na avaliação do padre Julio Lancelotti, vigário
episcopal para a População de Rua da Arquidiocese de São Paulo, nas paróquias
que atendem a população vulnerável da capital paulista, houve durante a
pandemia um crescimento de 50% do número de pessoas que buscam cestas básicas.
"Há uma busca muito grande. Só na Casa de
Oração do Povo da Rua do Povo de São Paulo são feitos mais de 2.000 pães por
dia para atendimento de pessoas que estão na região da Luz e também na região
da Mooca e nas nossas comunidades, nas paróquias, que têm uma presença capilar
pela arquidiocese, há um crescimento de mais de 50% de pessoas que buscam
cestas básicas", afirmou.
De acordo com ele, São Paulo vive atualmente
duas pandemias. “Hoje, nós temos uma pandemia, que é a pandemia do coronavírus,
e a pandemia da fome, que vai atingindo um número cada vez maior de pessoas na
nossa cidade.” “Muitas pessoas que ainda estão com lugar para morar têm de
ficar com uma opção: ou morar ou comer. Então, alguns conservam o lugar para
dormir mas têm de ficar na rua durante o dia para garantir.
Do G1
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