Hackers podem invadir a câmera de um celular
sem ter que instalar aplicativos espião? – Gabriel
Praticamente qualquer invasão de um dispositivo
requer a chamada "execução de código". Computadores e celulares
dependem de instruções de programação e, portanto, um hacker não poderá receber
a imagem da câmera sem que o celular seja instruído a enviar a imagem.
Como os "códigos" executados pelo
celular são representados pelos aplicativos, temos aí uma relação bastante
clara: se o hacker precisa de um código no seu celular para transmitir o sinal
da câmera, e os códigos estão em aplicativos, o hacker terá de usar um
aplicativo espião para essa tarefa.
A resposta tecnicamente correta para sua
pergunta é "não" – não há como invadir a câmera sem um aplicativo,
porque o hacker precisa de um código que programe o celular para essa
finalidade.
O que causa confusão é que esse aplicativo de
espionagem nem sempre precisa ser instalado da forma tradicional e que fotos
podem ser acessadas sem acesso à câmera.
Você normalmente deve instalar um aplicativo
por meio das lojas oficiais, como a Play Store do Google e a App Store da
Apple. Mas um hacker não precisa adotar esse caminho.
Se o invasor souber de alguma vulnerabilidade
no seu smartphone, ele pode explorar essa brecha para "forçar" o
aparelho a executar códigos. Em alguns casos, esses códigos podem até ser
integrados a outros aplicativos.
Em 2020, um pesquisador do Google demonstrou um
ataque para executar códigos (ou seja, "instalar aplicativos") em aparelhos
iPhone, da Apple, que estivessem ao alcance dos sinais de Wi-Fi e Bluetooth.
O ataque, embora não tenha controlado
diretamente a câmera do aparelho na demonstração, permitia a cópia das fotos
previamente capturadas pelo celular.
E existe mais um caminho que pode dar acesso às
suas fotos: os serviços de armazenamento em nuvem.
Download seguro: saiba como baixar programas
legítimos
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Quais são os riscos na prática?
Se você mantém o sistema do seu smartphone e
demais aplicativos atualizados, praticamente não haverá brechas para que um
invasor explore para executar códigos ou instalar apps sem a sua autorização.
É claro que existe a remota possibilidade de
que algum hacker muito sofisticado ataque aparelhos protegidos, como aconteceu
com o bilionário Jeff Bezos, mas isso é raro.
A não ser que você também seja um bilionário,
esse cenário não deve estar na sua lista de preocupações.
Jeff Bezos: o que se sabe até agora sobre a
suspeita de invasão do celular do homem mais rico do mundo
Em geral, quem deseja espionar um celular
(principalmente de familiares e amigos) normalmente consegue fazer isso após
pegar o aparelho desbloqueado. Isso pode acontecer facilmente se você não
utiliza o bloqueio automático.
As imagens armazenadas na nuvem, em serviços
como Google Drive ou iCloud, não dependem de acesso ao seu celular. Quem tiver
acesso à sua conta poderá acessar sua "câmera" – ou seja, as fotos
que você está tirando – depois que elas forem enviadas ao serviço.
As contas podem ser acessadas caso os criminosos roubem sua senha. Isso pode ser feito com uma página falsa, por exemplo.
Dependendo do caso, aparelhos mais antigos
também podem ser mais vulneráveis a desbloqueios forçados, sem o uso da senha
correta. Se o fabricante não disponibiliza mais atualizações para o sistema do
seu smartphone, pode ser necessário trocá-lo por um modelo mais novo.
Infelizmente, são esses "espiões"
mais próximos que normalmente teriam interesse em obter imagens da sua câmera.
Os ataques de hackers e criminosos normalmente
acontecem por meio de apps falsos. Esses aplicativos são frequentemente
listados na Play Store do Google, mas os programas maliciosos mais agressivos
aparecem apenas em lojas "alternativas".
Esses programas mais agressivos em lojas
alternativas são aqueles que podem roubar suas senhas, por exemplo.
Dificilmente um hacker ou criminoso terá
interesse na sua câmera, porque a transmissão de imagens é muito trabalhosa e
não traz ganhos financeiros para os golpistas.
Na Play Store, a maioria dos apps falsos
realiza apenas fraude publicitária, o que é causa muito menos prejuízo para
você do que o roubo de senhas. Além disso, o Google remove apps após
identificar qualquer conduta indevida.
Se você baixar seus apps apenas na Play Store e
não usar outras lojas nem fontes diretas (como sites), você terá muito mais
segurança.
Após atualização maliciosa, app leitor de
código de barras com 10 milhões de downloads sai da Play Store
Sendo assim, lembre-se de manter uma senha de
bloqueio de tela configurada, preferencialmente com bloqueio automático, tome
cuidado com os apps que você baixa e proteja suas contas.
Com isso, você vai evitar praticamente todos os
ataques que poderiam comprometer seu celular e seus dados.
Dúvidas sobre segurança, hackers e vírus? Envie
para g1seguranca@globomail.com.
Do G1
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