A
Vale informou em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira
(26), em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que vai gastar
aproximadamente R$ 1,8 bilhão em obras na Mina do Córrego do Feijão. O
objetivo, de acordo com a mineradora, é garantir a segurança geotécnica das
estruturas remanescentes no local.
A Barragem B1 desta mina se
rompeu no dia 25 de janeiro, despejando rejeitos sobre a área administrativa da
Vale, além de casas e uma pousada vizinha. De acordo com o último balanço da
Polícia Civil, 246 mortes foram confirmadas e 24 pessoas continuam
desaparecidas.
Dentro do valor gasto nas
obras, ainda segundo a mineradora, entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões serão
gastos ainda em 2019. A Vale pretende também realizar a remoção e a destinação
adequada dos rejeitos e parte da recuperação ambiental, especialmente do trecho
do rio Paraopeba atingido pelo “mar de lama”.
Segundo a Vale, as obras devem
mobilizar 2,5 mil trabalhadores. Entre as intervenções estão previstas a
construção de 15 pequenas estruturas de contenção com altura de até 5 metros.
As estruturas têm a função de reter sedimentos mais grossos e diminuir a
velocidade da água que desce pelo ribeirão Ferro-Carvão.
Ao todo, a empresa informou
que já construiu três estruturas entre diques, barreiras hidráulicas e estação
de tratamento de água em um raio de 6 quilômetros da barragem que se rompeu.
Outras 20 estão em construção.
Estas estruturas impedem que
o rejeito que vazou da barragem rompida cheguem ao Rio Paraopeba. Segundo a
mineradora, a estação de tratamento já está tratando o equivalente a 20
piscinas olímpicas de água por hora. Sessenta e seis pontos dos rios Paraopeba e
São Francisco, onde o Paraopeba deságua, estão sendo monitorados.
A previsão é que 80% da
bacia do Rio Paraopeba estejam recuperados em 2023.
INVESTIGAÇÃO
O delegado da Delegacia de
Meio Ambiente de Minas Gerais, Luiz Otávio Paulon, confirmou à TV Globo que
houve detonação de explosivos dentro do complexo onde fica a mina Córrego do
Feijão, em Brumadinho, antes de a barragem B1 se romper.
A Vale, no entanto, nega a
detonação antes do colapso.
Segundo a Polícia Civil,
essa detonação ocorreu dentro da cava da mina da Jangada. As duas minas, tanto
Córrego do Feijão quanto da Jangada, ficam dentro do Complexo Paraopeba.
A investigação precisa
verificar se estes explosivos tiveram influência no desabamento da estrutura.
Reportagem do G1 publicada
em fevereiro informava que um mês antes do rompimento a Vale havia recebido
autorização para fazer obras na barragem que contrariavam recomendações de
segurança.
FUNCIONÁRIOS DIVERGEM SOBRE
HORÁRIO
Dois trabalhadores que
estavam na mina no dia do rompimento afirmaram à Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que houve
explosões dentro da mina. Mas os horários apresentados por eles para a
detonação divergem em cerca de 1 hora.
Um dos depoentes, Eiichi
Osawa, mecânico que prestava serviço para a Vale, disse que a detonação teria
ocorrido a aproximadamente um quilômetro da barragem por volta das 12h20 e das
12h40. Ele disse que estava de frente para o local e que viu a detonação.
Já a segunda testemunha,
Edmar de Resende, que é funcionário da Vale responsável pela detonação, disse
que ela só aconteceu às 13h33, uma hora depois do rompimento da barragem. Ele
apresentou um vídeo da detonação, afirmou ser o autor da gravação, e tentou
comprovar o horário da explosão. Disse ter sido ele próprio que decidiu
executar a detonação, porque era perigoso deixar os explosivos no local.
Por meio de nota, a
mineradora Vale rebateu a informação da Polícia Civil e afirmou que "não
houve detonação nas minas do Córrego do Feijão e Jangada antes do rompimento da
barragem".
Ainda segundo a empresa, as
detonações de explosivos são "inerentes à atividade minerária e as
recomendações da empresa de auditoria eram conhecidas e consideradas pela área
geotécnica na execução das atividades no complexo".
Fonte : G1
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