QUE PENA, AQUI JÁ É QUARTA-FEIRA DE CINZAS!!!

Em Belo Jardim tudo acabou antes de começar. Quando tudo começa, aqui se acaba. Esse ano é mais um ano que nem mesmo terá o”boi de Biu”. Não é culpa de ninguém; a não ser nossa, pois o carnaval é do povo, feito para e por ele. Desde que se foi para os carnavais do além, tenho sempre lembrado de Biu. 

O único que não esperava por ninguém para fazer seu carnaval. Quando o vi pela última vez parecia ser o último carnaval daquele vaqueiro, e foi. E na ocasião de sua partida para os carnavais do céu, eu escrevi: O Biu que se foi. Tudo era igual ao igual como antes, uma batida sem ritmo num ritmo andante. Um boiadeiro solitário, um boi no caminho, dois meninos ao lado e o lado sozinho. Um carnaval tão triste que calava o coração, dessa cidade ingrata, que no silêncio se mata o frevo de um folião. 

Há! Quem nos dera uma boiada alada seguindo a toada desse boi solitário, que percorreu seu calvário nessa cidade calada, gelada, parada, que um dia ainda foi a alegria de um boi. Hoje, tocam no além o biu do boi e o boi de biu, que tão cedo partiu dessa cidade ingrata, onde quase sempre se mata o sonho de alguém. Um boiadeiro solitário, um menino sozinho, um boi carregado, um tarol atrasado, o fim do caminho.

Nunca foram, nem será mais lembrado, o boi carregado, o vaqueiro sozinho, o tarol atrasado, pois sem festa se foi, de um bloco de dois, o vaqueiro do boi. De hoje até quarta-feira, nem boi…nem carnaval, nem eles. É Belo Jardim, Biu. A cidade parada, calda, ingrata.
Fonte : Paredão do Povo






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