Em Belo
Jardim tudo acabou antes de começar. Quando tudo começa, aqui se acaba. Esse
ano é mais um ano que nem mesmo terá o”boi de Biu”. Não é culpa de ninguém; a
não ser nossa, pois o carnaval é do povo, feito para e por ele. Desde que se
foi para os carnavais do além, tenho sempre lembrado de Biu.
O único que não
esperava por ninguém para fazer seu carnaval. Quando o vi pela última vez
parecia ser o último carnaval daquele vaqueiro, e foi. E na ocasião de sua
partida para os carnavais do céu, eu escrevi: O Biu que se foi. Tudo era igual
ao igual como antes, uma batida sem ritmo num ritmo andante. Um boiadeiro
solitário, um boi no caminho, dois meninos ao lado e o lado sozinho. Um
carnaval tão triste que calava o coração, dessa cidade ingrata, que no silêncio
se mata o frevo de um folião.
Há! Quem nos dera uma boiada alada seguindo a
toada desse boi solitário, que percorreu seu calvário nessa cidade calada,
gelada, parada, que um dia ainda foi a alegria de um boi. Hoje, tocam no além o
biu do boi e o boi de biu, que tão cedo partiu dessa cidade ingrata, onde quase
sempre se mata o sonho de alguém. Um boiadeiro solitário, um menino sozinho, um
boi carregado, um tarol atrasado, o fim do caminho.
Nunca foram, nem será mais
lembrado, o boi carregado, o vaqueiro sozinho, o tarol atrasado, pois sem festa
se foi, de um bloco de dois, o vaqueiro do boi. De hoje até quarta-feira, nem
boi…nem carnaval, nem eles. É Belo Jardim, Biu. A cidade parada, calda,
ingrata.
Fonte : Paredão do Povo
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