Dois
relatórios da Vale, um de 2017 e outro de 2018, indicam que a mineradora sabia
dos riscos de rompimento da barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão, em
Brumadinho. Documento interno da Vale de novembro de 2017 afirma que a
barragem, já naquela época, tinha uma chance de colapso duas vezes maior que o
nível máximo de risco individual tolerável.
Outro documento, de outubro de
2018, indicava que além de ter duas vezes mais chances de se romper do que
nível máximo tolerado pela política de segurança da empresa, a barragem estava
em uma "zona de atenção".
A informação foi publicada
pela agência de notícias Reuters e confirmada por fontes ligadas à
investigação.
Até a segunda-feira (11), 165
corpos já haviam sido resgatados da lama. Destes, 160 foram identificados. O
número de desaparecidos é de 155 pessoas, segundo a Defesa Civil de Minas
Gerais.
Em nota, a Vale diz que não
existe em nenhum relatório, laudo ou estudo conhecido, qualquer menção a risco
de colapso iminente da barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho.
Além disso, a mineradora diz
que "a barragem possuía todos os certificados de estabilidade e seguranças
nacionais e internacionais". A nota da mineradora afirma também que a
barragem "estava dentro do limite de risco".
ZONA DE ATENÇÃO
O Ministério Público de Minas
Gerais afirmou na segunda-feira (11), que além da Mina Córrego do Feijão,
outras oito barragens da Vale estão em zona de atenção (Alarp Zone).
As barragens estão situadas em
áreas próximas a núcleos urbanos, havendo pessoas residentes/transitando na
zona de autossalvamento, ou seja, na região do vale a jusante da barragem a uma
distância que corresponda a um tempo de chegada da onda de inundação (lama)
igual a trinta minutos ou 10 km”.
EXPANSÃO DE ATIVIDADES
Embora os documentos indiquem
que a Vale sabia do risco de rompimento, a mineradora seguiu com o plano de
expansão das atividades do Complexo Paraopeba, onde fica a barragem que se
rompeu.
Como o G1 revelou, a Vale
obteve em dezembro de 2018 autorização do governo de MG para um conjunto de
obras que ampliaram em 70% a produção do complexo. A solicitação havia sido
feita em 2015.
Fonte : G1
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