A
menina que foi morta a facadas em São Roque pelo pai, na madrugada desta
quarta-feira (3), confidenciou à tia semanas antes do crime que tinha sido
ameaçada de morte caso denunciasse o estupro sofrido por ela. O velório da
vítima ocorre nesta quarta-feira, em São Roque.
Horácio Nazareno Lucas de 28
anos, pai da menina, está foragido. Ele é suspeito de matar a garota horas
depois de deixar a prisão onde respondia processo por cometer o mesmo tipo de
crime contra a cunhada em 2010. O homem conseguiu o direito de liberdade e a
soltura ocorreu nesta terça-feira (2).
Em entrevista ao G1 horas
após o crime que chocou moradores no bairro Mailasqui, a tia de Letícia Tanzi
de 13 anos contou que tinha um relacionamento próximo da sobrinha e que em uma
das conversas a jovem teria contado sobre as ameaças do pai.
“ELA DISSE QUE FOI JURADA DE
MORTE PELO PRÓPRIO PAI SE CONTASSE PARA ALGUÉM SOBRE OS ABUSOS SEXUAIS QUE ELE PRATICAVA”,
DIZ.
Segundo a tia, que trabalha
como cabeleireira, Horácio foi condenado e preso em junho deste ano por ter
estuprado uma cunhada com problemas mentais em 2010. Após a prisão do pai,
Letícia confessou à família que também havia sido abusada por ele e um boletim
de ocorrência foi registrado.
No início da madrugada desta
quarta-feira, a Polícia Militar foi acionada pela mãe de Letícia após Horácio
ir até a casa onde moram e pedir para que a denúncia de abuso sexual fosse
retirada.
A mulher foi agredida por
ele e conseguiu fugir para a casa de uma vizinha para chamar a polícia. Nesse
instante em que ela se ausentou, ele matou Letícia.
Adolescente é assassinada
pelo pai depois de denunciar estupro
Maria, que completou 40 anos
no dia do assassinato da sobrinha, afirmou que Letícia já havia comentado
outros tipos de agressões praticadas pelo pai, entre elas uma tentativa de
estrangulamento na estudante. “Fiquei muito preocupada, mas ela só contou essas
coisas quando ele já estava preso.”
“ELA ME DIZIA: ‘TIA,
TRANQUILA. ELE ESTÁ PAGANDO PELO O QUE APRONTOU”, DIZ MARIA.
Maria afirmou que toda a
família está devastada pelo crime, mas teme que o ex-cunhado busque vingança e
machuque outros membros da família. “Uma pessoa dessas tem que apodrecer na
cadeia. Ele fez tudo de caso pensado”, lamenta.
ACOMPANHADA PELO CONSELHO
TUTELAR
Depois que Letícia relatou
sobre o abuso, a família passou a ser acompanhada pelo Conselho Tutelar da
cidade. Segundo um dos conselheiros que prestava atendimento à menina, ela
sentiu-se à vontade de falar sobre as agressões sexuais que sofreu assim que o
pai foi preso.
As agressões, segundo os
relatos da vítima ao órgão, ocorreram mais de uma vez. Na época, a adolescente
continuou morando com a mãe.
Até o início da tarde desta
quarta-feira, a Polícia Civil não teve nenhuma informação sobre o paradeiro do
suspeito.
'SEMPRE TIVE UM PÉ ATRÁS'
Ao G1, Maria contou que
nunca confiou no ex-cunhado e afirmou que ele tem um passado conturbado com
bebidas alcóolicas.
“NUNCA ACREDITEI NELE,
SEMPRE TIVE UM PÉ ATRÁS. ELE NÃO PARTICIPAVA DA VIDA ESCOLAR DA MENINA E
REPREENDIA A LETÍCIA EM TUDO QUE ELA FAZIA”, AFIRMA.
A cabeleireira contou que
sempre que Letícia estava brincando com amigos ou se divertindo – mesmo em
festas de família – o Horácio pedia para que ela parasse. Maria contou que ele
chegou a proibir a garota de sair de casa.
“ELE TINHA CIÚMES EXCESSIVOS
DELA. QUERIA SE MOSTRAR UM HOMEM PRESENTE E BONZINHO, MAS NÃO ERA NADA DISSO”,
CONTA MARIA.
VELÓRIO
O corpo da adolescente foi
encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba e, na sequência,
liberado para a família.
O velório começou por volta
das 16h e, além da família, muitos adolescentes foram ao local para se despedir
da Letícia.
O velório é realizado na rua
Sotero de Souza, 263, e o enterro está previsto para a manhã de quinta-feira
(4) no Cemitério Cambará, em São Roque.
Fonte : G1
0 Comentários