Letícia
não esperou nem a entrada dos pais na maternidade. Chegou ao mundo às 2h39
deste sábado (1º) no carro mesmo, na porta do hospital, em Belo Horizonte. E em
um fenômeno raro, ela nasceu empelicada, ou seja, sem romper a bolsa.
“Parir dar certo e nosso
corpo funciona. Precisamos nos informar e precisamos nos empoderar. Foi lindo
demais, foi muito emocionante”, disse a mãe, Daniela Rievers Paiva.
Daniela e o marido, Fernando
Paiva, contrataram uma produtora para registrar o parto de Letícia, que já
estava programado para ser natural, sem remédios farmacológicos e sem cirurgia.
A previsão era que a pequena nascesse em uma banheira, com a ajuda de médico e
enfermeira obstetras e uma doula.
Na noite de sexta-feira
(31), como planejado, a enfermeira Adrinez Cançado foi para a casa dos pais
para acompanhar o trabalho mesmo antes do hospital. Com massagens e bolsa de
água quente, foi preparando a mãe.
Quando perceberam que a hora
do parto se aproximava, mobilizaram a equipe. Eram 2h20 quando a enfermeira
pediu que a cineasta Andressa Cassetti corresse para o hospital para registrar
o parto natural.
“Nós precisamos registrar
seu parto porque você tem uma responsabilidade muito grande. Toda mulher pode,
ela só não acredita. Ela entrega o parto dela e o parto é da mulher”, contou
Adrinez sobre uma conversa que teve com Daniela, ainda na gravidez, defendendo
o parto natural.
Na porta da maternidade,
Daniela, como mostra o vídeo, abraça o médico.
"ELA VAI NASCER, ELA
VAI NASCER”, DISSE A MÃE AINDA NO CARRO.
A mãe contou que sentiu
Leticia empurrar e foi só o tempo de sentar no carro de novo para a pequena
nascer.
“Estava abraçada com o
obstetra e senti um puxo muito forte. Sentei e levantei a minha saia. Ela já
estava empurrando a calcinha. O doutor aparou a cabecinha e o Fernando aparou o
corpo. E eu peguei ela. Como a gente estava do lado de fora, coloquei dentro da
minha blusa, uma canguruzinha”, contou Daniela.
Andressa Cassetti, que é
especializada em registrar partos, contou que estava ajudando a preparar a sala
de parto quando a enfermeira pediu para descer rápido. “Liguei a câmera para
filmar a entrada no hospital”, disse a cineasta, que acabou registrando o parto
na rua mesmo.
“É maravilhoso. Sempre tem
uma emoção muito especial. Quando o parto é gostoso para a mãe, é muito gostoso
pra gente também”, falou Andressa sobre o parto inusitado.
De acordo com a enfermeira
obstetra Adrinez Cançado, 1% dos bebês nascem empelicados, sem romper a bolsa.
E ainda segundo ela, 57% dos partos no Brasil são feitos por cesárea, sendo que
a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que somente 15% das gestantes têm
necessidade, por alguma complicação, da intervenção cirúrgica.
“O corpo das mulheres é
preparado pra isso [o parto]. Estamos em uma cultura que desconstruiu isso. Uma
cultura em que a assistência ao parto é violenta. Viver o parto de forma
natural é inerente à mulher, faz parte da mulher”, disse a enfermeira.
Daniela, que já tinha tido
parto natural da primeira filha, Vitória, buscou novamente apoio e preparo para
a segunda gravidez. “É muito mais confortável e muito mais tranquilo. O
pós-parto é incomparável”, disse a mãe.
A família toda passa bem
após a experiência.
Fonte : G1
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