Um
homem assediou uma estudante francesa em uma rua de Paris e, após ouvir que
deveria parar, a atacou com um golpe no rosto.
Marie Laguerre compartilhou
na internet o vídeo de uma câmara de segurança que mostra o momento exato em
que ela foi estapeada pelo assediador em frente a um café na região nordeste da
capital francesa.
O vídeo viralizou
rapidamente. A agressão ocorre num momento que o governo se prepara para impor
multas para assédio na rua.
"As primeiras multas
serão aplicadas nesse semestre", disse a ministra da Igualdade, Marlène
Schiappa.
Um novo pacote de medidas
estabelece que assediadores terão de pagar entre 90 e 750 euros (de R$ 390 a R$
3.250). A nova lei está em tramitação no Congresso francês e deve ser aprovada
nesta semana.
A iniciativa foi bem
recebida pelas mulheres francesas com o crescimento de movimentos contra o
assédio. O movimento #BalanceTonPorc (denuncie o porco, em tradução livre)
incentiva as mulheres a denunciarem publicamente casos de assédio e abuso
sexual – é o equivalente francês ao movimento #MeToo (eu também), que surgiu
depois dos casos de assédio em Hollywood começarem a surgir.
'NÃO POSSO FICAR CALADA'
A estudante Marie Laguerre,
de 22 anos, explicou o que aconteceu com ela em uma entrevista à imprensa
francesa.
Ela estava voltando do
trabalho na semana passada quando um homem começou a fazer comentários
ofensivos e obscenos, além de "barulhos com conotação sexual".
"NÃO FOI A PRIMEIRA VEZ (QUE ALGO DO
TIPO ACONTECEU) NAQUELE DIA, NEM NAQUELA SEMANA, NEM NAQUELE MÊS. EU FIQUEI COM
RAIVA E GRITEI 'CALA A BOCA'. ACHEI QUE ELE NÃO IA OUVIR, MAS ELE OUVIU",
DISSE ELA A UMA REDE DE TELEVISÃO.
O homem respondeu jogando um
cinzeiro nela e errando por centímetros.
Então, ele foi na direção
dela e a acertou, agressão que foi gravada em vídeo pelas câmeras de segurança
do café.
As pessoas no local
reemprenderam o homem e Laguerre foi para casa. Mas rapidamente a estudante
decidiu voltar, pegar depoimentos das testemunhas e ir à polícia.
Ela disse que todo mundo no
café achou a reação dela normal, e o dono do estabelecimento deu o vídeo de
segurança para ajudá-la a encontrar o agressor. O vídeo foi visto mais de 900
mil vezes.
A estudante disse que ir a
público para lutar contra a agressão foi difícil, mas todas as mulheres sofrem
com esse tipo de problema e é hora de isso acabar.
"NÃO POSSO FICAR CALADA, NÃO PODEMOS
FICAR EM SILÊNCIO", ESCREVEU A JOVEM NO FACEBOOK.
LUTA CONTRA O ASSÉDIO
Promotores de Paris abriram
uma investigação sobre o ataque contra a estudante, mas o homem que a agrediu
ainda não foi encontrado.
A ministra da Igualdade
disse ao jornal "Le Parisien" que ficou revoltada com o ataque e que
o objetivo da nova lei é impor uma "clara proibição social" ao
assédio.
Schiappa pediu para que
vítimas de qualquer tipo de abuso sexual venham a público denunciar. Ela disse
que diversas mulheres reclamaram de serem tocadas de forma inapropriada na rua
durante as comemorações da vitória da França na Copa do Mundo, por exemplo.
Segundo a Fundação Jean
Jaurès, cerca de 60% das mulheres francesas dizem ter sofrido algum tipo de
assédio ou violência sexual. Mais de 40% já foram tocadas sem consentimento e
mais de 10% já foram estupradas.
Fonte : G1
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