Erradicada
no Brasil desde 1990, a poliomielite era tratada como assunto resolvido. A
doença tem vacina disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e último caso
registrado foi há quase 30 anos.
Talvez por desconhecer a
gravidade da doença, ou também por falsas informações sobre a vacinação, uma
parte dos pais não chegou a vacinar seus filhos. Mais de 300 cidades
brasileiras estão com uma baixa cobertura para a polio.
Confira a lista das 312 cidades
com baixa cobertura vacinal
MAS O QUE CAUSA A PÓLIO?
Eliana Zagui confunde a
própria trajetória com a história da doença (assista ao vídeo acima). Ela já
foi ao Jô Soares contar como é ter polio, já deu entrevista para diferentes
jornais do país, mas continua morando em um quarto do Instituto de Ortopedia do
Hospital da Clínicas, em São Paulo.
Ela não consegue respirar
sem a ajuda de um aparelho. Nem se mexer sem a ajuda dos enfermeiros do
hospital. Mesmo assim, aprendeu a pintar com a boca, escreveu um livro e
conseguiu inventar uma forma de acessar a internet pelo celular.
Ela hoje tem 44 anos e
chegou ao lugar com 1 ano e 9 meses de idade. Foi por falta de informação que
foi parar lá no HC: os médicos diziam que criança com dor de garganta não podia
tomar a vacina da polio. E já era a infecção.
"EU ERA DO INTERIOR DE SÃO PAULO. TODA
VEZ QUE MEUS PAIS IAM ME LEVAR PRA TOMAR A VACINA, ELES FALAVAM QUE NÃO PODIAM
VACINAR CRIANÇAS COM FEBRE E GARGANTA INFLAMADA", CONTOU AO G1.
Brasil teve 26 mil casos de
pólio de 68 a 89, e não registra casos há 30 anos; entenda
O quadro foi se agravando e
ela foi obrigada a morar no hospital. Hoje, tem planos de sair e para viver em
outro lugar, chegou a tentar uma vaquinha para pagar as despesas. Até o final
do ano quer arranjar um meio de ir para Sumaré, município no interior de São
Paulo.
"A PÓLIO É UM VÍRUS QUE SE PEGA NO AR.
ELE AFETA O SISTEMA NERVOSO CENTRAL. NO MEU CASO, FOI DO PESCOÇO PRA BAIXO. MAS
TEM GENTE QUE AFETA UM BRAÇO, UMA PERNA", CONTOU ELIANA.
De acordo com o diretor do
instituto onde está Eliana, Jorge dos Santos Silva, os "avós e avôs de
hoje fizeram a sua parte". Uma geração inteira não foi afetada pela
doença. Os pais de hoje precisam ter a mesma noção.
"AS MÃES TÊM QUE LEVAR OS FILHOS PARA
VACINAR. AS PESSOAS NÃO SABEM O QUE NÃO É ANDAR, NÃO PODER RESPIRAR
DIREITO", COMPLETOU ELIANA.
A VACINA
Não há novos casos de
poliomielite no Brasil. No entanto, os casos da doença aumentaram em outros
países, como alertou a Organização Mundial da Saúde.
A única forma de evitar a
infecção é vacinando. A partir do dia 6 de agosto uma nova campanha vai começar
no Brasil – a ideia é aumentar a divulgação sobre os riscos da doença. Todas as
crianças com menos de cinco anos precisam ser vacinadas.
A VOLTA DE OUTRAS DOENÇAS
Além da preocupação com o
risco de poliomelite, o Brasil sofre com um surto de sarampo no Amazonas e
Roraima. O Brasil recebeu certificado de erradicação do sarampo em 2016, mas
registra 822 casos da doença em 2018.
Além disso, com baixa
cobertura vacinal da tríplice viral e da pentavalente, outras doenças cobertas
por estas vacinas podem voltar a circular.
"É o caso da difteria.
Estamos acompanhando os casos na Venezuela porque a pentavalente também está
com baixas coberturas vacinais. Há uma necessidade que se olhe para as questões
de baixa cobertura vacinal porque temos doenças erradicadas e outras doenças
que tem a situação controlada e podem voltar", explica Carla Domingues,
coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.
Fonte : G1
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