Governadores
de estados do Nordeste e Minas Gerais divulgaram carta neste sábado (26) com
críticas ao pedido do governo federal aos estados para que avaliem ajustes no
ICMS ( Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ) e, assim,
"contribuir", pelo fim da paralisação de caminhoneiros contra a alta
do diesel.
Na carta, os governadores
criticam, ainda, política de reajuste de preço dos combustíveis. A paralisação
dos caminhoneiros chegou ao sexto dia.
"Neste grave momento,
quando irrompe um movimento radical que – justificado pela desenfreada escalada
de reajustes – bloqueia os canais de distribuição de combustíveis e coloca em
risco a mobilidade, a saúde, a segurança e a integridade física de milhões de
brasileiros, o Governo Federal tenta fugir às suas responsabilidades convocando
os governos estaduais – já tão sacrificados pela injusta concentração de
recursos na União – a renunciar às suas receitas do ICMS, supostamente para
atender demandas dos representantes dos transportadores participantes da
paralização", afirmam os governadores.
O ICMS é um imposto estadual
sobre mercadorias e serviços e tem uma base variável, ou seja, um percentual
sobre o preço cobrado. Com isso, se o produto ou serviço fica mais caro, também
sobe o valor pago com o imposto.
Na sexta-feira (25), em
encontro de secretários estaduais de Fazenda e representantes do governo, o
presidente Michel Temer fez um apelo aos estados sobre a possibilidade de rever
o imposto.
"Eu devo até dizer que
no dia de ontem eu estive no Rio de Janeiro a tardezinha, e o governador Pezão
já reduziu o valor. Sequentemente estive em Minas Gerais, conversei com o
governador Pimentel, e quando falei da necessidade de reduzir ICMS, houve
aplauso de mais de 2 mil integrantes dessa solenidade. Então aquilo que o
senhores puderem fazer estão fazendo pelo Brasil – em uma ação federativa
conjungada, entre União e estados", disse o presidente Michel Temer.
Na terça-feira (29), haverá
reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) para que os
estados votem as propostas feitas pelo governo federal aos estados. Segundo o
ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, só vão adotar a medida os estados que
quiserem, não é uma imposição.
Umas das propostas do
governo, prevê a incorporação imediata, na base de cálculo do ICMS, da redução
de 10% (cerca de R$ 0,25 na bomba) no preço do diesel anunciada pela Petrobras.
A segunda é que o reajuste
da base de cálculo do ICMS serei feita somente a cada 30 dias e não mais 15,
como determina a lei atual.
“É uma alternativa que se
coloca aos estados. Então os estados, se não quiserem aderir, eles podem
permanecer na situação atual. O que está sendo proposto não é uma imposição aos
estados. Nós estamos dando uma alternativa aos estados que concordarem com esses
dois movimentos”, declarou o ministro nesta sexta-feira (25).
Política de preços
Na carta divulgada, os
governadores da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Minas
Gerais também criticaram a política de reajuste de preços praticada pela Petrobras.
“Essa política de preços [da
Petrobras] foi elevando, de forma assustadora, os preços de insumos básicos
para a população, como o gás de cozinha, a gasolina e o óleo diesel, cujo custo
repercute, diretamente, sobre todos os preços da economia, a começar por itens
de consumo básico, como os alimentos, que exercem forte impacto sobre o
orçamento das famílias mais pobres”, diz a carta dos governadores.
"Diante disso, nós –
Governadores dos Estados integrantes da Sudene – consideramos absolutamente
inaceitável a tentativa do Governo Federal de transferir para os Estados a
responsabilidade pela solução de uma crise que foi provocada pela União,
através de uma política de preços de combustíveis absurda, perversa e
irresponsável. Colocar sobre os Estados Federados o ônus de qualquer redução da
alíquota sobre os combustíveis - além de ser desrespeitoso - é atitude
inconsequente e, por isso mesmo, inaceitável", afirmam os governadores.
Nesta sexta, governadores de
Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia, Tocantins, Maranhão e Distrito Federal
também divulgaram carta com críticas à política de preços dos combustíveis.
Paralisação
A Polícia Rodoviária Federal
(PRF) informou no início da tarde deste sábado (26) que, por causa da greve de
caminhoneiros, até 11h30 havia 596 pontos de bloqueios nas estradas do país.
Segundo a corporação, são bloqueios parciais que não "interferem na
movimentação de veículos".
Neste sábado (26), o
presidente Michel Temer e ministros se reuniram no Palácio do Planalto para um
encontro do gabinete criado pelo governo federal para monitorar a greve dos
caminhoneiros.
Após o encontro, o ministro
Carlos Marun, da Secretaria de Governo, afirmou que a Polícia Federal já fez
pedidos de prisão para empresários que, segundo a corporação, estão por trás de
um locaute na paralisação de caminhoneiros.
Fonte : G1
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