O Santos
venceu seu jogo mais difícil na fase de grupos da Libertadores: 1 a 0 contra o
Estudiantes, na Argentina, graças a Vanderlei. O que ele fez em Quilmes será
lembrado por décadas por um torcedor que se orgulha de ter goleiros como Gilmar
dos Santos Neves e Rodolfo Rodríguez em sua história. Sim, Vanderlei já é top 3
da posição na galeria do Peixe. E quem discordar é clubista.
A vitória deixou o Santos
numa situação bem confortável no Grupo 6. É líder com seis pontos, e dois de
seus três jogos restantes serão em casa. Ou seja: basta vencer suas duas
partidas como mandante para se classificar em primeiro numa chave com dez
títulos de Libertadores.
Dito isso, vamos à crítica:
o Santos precisa aprender a matar seus jogos e não ficar dependendo de seu
goleiro. O time não consegue "cozinhar" uma partida e nem ficar em
situação confortável no placar. Contra o Estudiantes, foram inúmeras as chances
para chegar à área adversária e fazer o segundo gol no contra-ataque,
desperdiçadas sempre com um toque a mais, um passe errado, uma decisão
equivocada, uma arrancada "capenga" (como a de Léo Cittadini). Nisso,
Gabigol fez falta – por conta de uma expulsão boba na vitória sobre o Nacional
do Uruguai, ele nem viajou para a Argentina.
A tática de Jair Ventura
pareceu bem definida desde o início: apostar nos contra-ataques. O gol (em
posição irregular de Arthur Gomes) saiu aos 17 minutos do primeiro tempo.
Parece incrível, mas, antes disso, o Santos não tinha tido uma sequência de
três passes certos em seu campo de ataque. O time simplesmente não conseguia
ficar com a bola. É a falta de um armador.
E olha que Jean Mota até
teve alguns bons momentos, mas quase todos na defesa, marcando pela esquerda
com Dodô – que teve ótima atuação no primeiro tempo, mas cansou no segundo.
O Santos dominou as ações na
segunda metade do primeiro tempo. Foi quando o Estudiantes, abalado pelo gol
sofrido, lançou-se ao ataque sem muita organização. Rodrygo criou boas chances.
A melhor delas sobrou para Jean Mota, na pequena área – e ele conseguiu chutar
por cima.
No segundo tempo, com a
entrada do experiente atacante Pavone, o Estudiantes ganhou força no ataque. E
o Santos foi recuando, recuando, recuando... Jair trocou Arthur Gomes e Rodrygo
(cansados) por Léo Cittadini e Diogo Vitor. Ainda assim, as chances para
encaixar o contra-ataque e matar o jogo continuaram a surgir. Em dois lances,
eram três do Santos contra dois do Estudiantes. E nada do segundo gol.
Os argentinos, claro, foram
se lançando cada vez mais ao ataque. E aí apareceu Vanderlei, com suas quatro
defesas à queima-roupa que fizeram os santistas lembrarem de Rodolfo Rodríguez.
Vanderlei é Seleção?
O que mais Vanderlei precisa
fazer para ganhar uma chance na seleção brasileira? Aos 34 anos, o goleiro do
Santos nunca foi convocado, apesar de seguir em alto nível no Peixe há pelo
menos três temporadas.
Informações de bastidores
indicam que Tite e sua comissão técnica enxergam nele deficiência em alguns
fundamentos, como reposição de bola com os pés e saída pelo alto em
cruzamentos.
Pode até ser. Alisson e
Ederson, jogando em grandes ligas da Europa, são testados pelos melhores
jogadores do mundo duas vezes por semana – e ninguém discute que são os mais
completos para a posição no momento.
Mas o posto de terceiro
goleiro na Copa ainda está vago. E se Tite não chamou Vanderlei até agora, fica
difícil acreditar que vá chamá-lo justamente na convocação mais importante de
todas, a do Mundial, no mês que vem. Uma pena. Vanderlei terá 38 na próxima
Copa do Mundo.
E agora, Jair?
O próximo jogo do Santos
será pelo Campeonato Brasileiro, no dia 14 (contra o Ceará, no Pacaembu). Pela
Libertadores, recebe o Estudiantes no dia 24. Jair tem tempo de sobra para
treinar e entrosar o time. Já entramos em abril, e o meio-campo continua com
duas posições em aberto – só Alison é titular absoluto.
Pra finalizar
Dodô e Eduardo Sasha foram
dois baita reforços! Mais uma vez, estiveram entre as melhores notas. Uma pena
o diretor responsável pela contratação de ambos (Gustavo Vieira de Oliveira)
ter sido demitido com menos de dois meses de trabalho...
* Juliano Costa, 37 anos, é
editor-chefe do GloboEsporte.com em SP
Fonte : ge
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