A situação
do médico ortopedista e traumatologista Kid Nélio Souza de Melo, de 35 anos,
está mais complicada. A Justiça recebeu, nessa quarta-feira (25), a conclusão
de mais um inquérito policial que investigou supostos crimes sexuais praticados
pelo acusado. Kid Nélio foi indiciado por violação sexual mediante fraude,
quando o abuso é praticado por meios que impeçam ou dificultem a vítima de se
defender. De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o caso será
apreciado pela Décima Segunda Vara Criminal da Capital.
Esse é o segundo processo
que Kid Nélio vai responder. Outros dez inquéritos, abertos pela Polícia Civil,
ainda não chegaram à Justiça. Os crimes investigados estão relacionados a
denúncias de supostos abusos sexuais praticados pelo ortopedista durante
atendimentos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira e em um
hospital particular no Recife. Todas as vítimas teriam sido pacientes do
médico.
O primeiro inquérito,
concluído no final do mês de março, é referente à denúncia de uma mulher de 18
anos que disse ter sido estuprada por Kid Nélio durante a consulta na UPA em 21
de fevereiro deste ano. A vítima, inclusive, afirmou à polícia que houve a
conjunção carnal. A Justiça já acatou denúncia do Ministério Público de
Pernambuco contra o médico. O processo está na 17ª Vara Criminal da Capital.
O médico está preso
preventivamente no Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima,
desde o dia 02 de março. O blog continua tentando contato com a defesa do
acusado.
AS DENÚNCIAS
As mulheres afirmaram à
polícia que, durante os atendimentos, o médico pedia para que elas ficassem
nuas – mesmo que, em algumas situações, elas apresentassem problemas simples
nos punhos ou nos pés, por exemplo. Era nesse momento que os abusos eram
praticados. Segundo a Polícia Civil, o acusado afirmou em depoimento que teve
relação sexual consentida com duas pacientes. Também negou que tenha estuprado
as outras mulheres que o denunciaram.
PERFIL
Kid Nélio é médico há nove
anos. Ele se formou pela Universidade do Rio Grande do Norte e especializou-se
na área de ortopedia e traumatologia, com ênfase em cirurgias. Além da UPA da
Imbiribeira, ele também trabalhava em clínicas particulares. O Conselho
Regional de Medicina (Cremepe) abriu sindicância para investigar a conduta do
profissional, que pode perder o direito de exercer a profissão.
O médico também responde a
processos na Justiça por supostos erros médicos.
ESTATÍSTICAS
Entre os anos de 2007 e
2017, a Polícia Civil de Pernambuco investigou 21 médicos suspeitos de crimes
de estupro, no exercício da profissão. Do total de casos, seis foram
registrados no Recife. Dos 21 médicos investigados por estupro, três foram
considerados como suspeitos pela polícia. Os outros profissionais foram
apontados como autores do crime. Outro dado que chama a atenção é que, do total
de médicos, quatro foram investigados por estupro de vulnerável (quando as
vítimas são menores de 14 anos ou, por qualquer outra causa, eram pessoas que
não podiam oferecer resistência).
Somente no ano passado, três
médicos foram denunciados à polícia por abuso sexual. Um dos casos ocorreu em
fevereiro, no município de Calumbi, no Sertão do Estado. Os outros dois foram
na Região Metropolitana do Recife: um em Olinda e outro em Jaboatão dos
Guararapes.
Fonte : Agreste Violento
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