Gott
morava no Brasil com um passaporte falso há 20 anos quando foi descoberto
literalmente por acidente: ele foi uma das 17 vítimas de um carro desgovernado
que invadiu o calçadão na noite do dia 18 de janeiro e atingiu as pessoas que
passavam por ali. Um bebê de 8 meses morreu e os feridos foram levados para
dois hospitais cariocas.
O motorista, Antonio de
Almeida Anaquim, de 41 anos, alegou ter sofrido um ataque epiléptico enquanto
dirigia – a Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso.
No Hospital Municipal Miguel
Couto, na Gávea, as autoridades notaram que uma das pessoas feridas no episódio
era um australiano, cujo passaporte indicava o nome Daniel Marcos Philips.
Gravemente ferido, o homem estava em coma – estado em que se encontra até hoje,
segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio.
A embaixada australiana foi
informada do caso e um porta-voz do Departamento de Relações Exteriores e
Comércio do Consulado da Austrália emitiu uma nota dizendo que os oficiais
australianos estavam trabalhando com as autoridades brasileiras para determinar
se um australiano tinha sido ferido no atropelamento.
O único problema é que
Philips não existia: as autoridades australianas não encontraram qualquer
registro de um cidadão daquele país com esse nome. A Polícia Federal da
Austrália iniciou uma investigação para buscar a real identidade do homem e
concluiu que o passaporte era falso.
Segundo o jornal australiano
The Australian, foi a digital de Gott, enviada para a Polícia Federal da
Austrália, que revelou que o cidadão australiano ferido no Brasil era na
verdade um fugitivo procurado pela polícia há 22 anos por um crime sexual.
Contatada pela BBC Brasil e
questionada sobre quais são as condenações de Gott, a Polícia Federal
australiana confirmou que ajudou na identificação de "uma vítima de um
acidente de carro no Brasil", mas disse que não poderia dar mais detalhes
sobre o caso. Já a Polícia Federal do Brasil ainda não se pronunciou
oficialmente em relação ao assunto.
Procurado
Nascido em Melbourne, Gott
trabalhou como professor de ensino médio na cidade de Darwin até 1994, quando
foi preso após 17 denúncias diferentes de abuso sexual de crianças, incluindo
uma acusação de estupro de uma criança menor de 14 anos e o abuso de um
adolescente de 16 anos, segundo o periódico The Australian. Ele foi condenado a
seis anos de prisão e fugiu dois anos depois, após ter a liberdade condicional
concedida.
Gott é procurado por
autoridades australianas desde então.
A polícia do Território do
Norte, região da Austrália onde Gott vivia, confirmou à BBC Brasil que
procurava Gott por violar sua liberdade condicional e afirmou que trabalha com
autoridades internacionais para avaliar a possibilidade de extradição.
"Devido à seu estado de saúde, vamos continuar a monitorar a situação com
o objetivo de tomar uma atitude, se possível, no futuro", afirmou o órgão.
Um funcionário do Hospital
Miguel Couto que pediu para não ser identificado disse que é improvavél que o
australiano saia da coma. A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro
afirmou que o estado de saúde dele é grave e Gott segue em coma.
No Brasil há 20 anos, morava
em Copacabana e dava aulas de inglês como professor freelancer, segundo um
conhecido que pediu para não sei identificado.
O jornal The Australian
também afirma que Gott trabalhou em uma escola internacional brasileira.
A embaixada da Austrália no
Brasil disse que não poder disponibilizar informações sobre o caso.
O Itamaraty informou à BBC
Brasil que cabe ao Ministério da Justiça comentar o assunto. Até o fechamento
desta reportagem, a pasta não havia retornado o pedido de informações.
Fonte : G1
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