“Por
que você não vende essa jaca?", perguntou um inscrito no canal de Anailê
Santos Goulart, caminhoneira há 4 anos e que há 2 mostra no YouTube a saga da
reforma de seu xodó, um Scania L 110 de 1973.
"Jaca (no sentido) de
ruim, não. Ele é meu Jacaré", respondeu ela.
Em seguida, a motorista de
Vila Velha (ES) contou que não vende porque o veículo ainda não está quitado.
"E também porque agora eu me apeguei, já era."
É o quarto
"filho": Anailê tem 3 meninos: um bebê de 2 meses, outro de 2 anos e
um de 6 anos.
Especial: G1 conta a
história de caminhoneiras youtubers
O caminhão de 44 anos, bem
mais velho que ela, que tem 28, foi para a reforma quando estava nas últimas.
Nos vídeos ela mostra o assoalho totalmente enferrujado e conta que o teto
também tinha furos. "Chovia em mim", disse ao G1.
Onde os 'clássicos'
predominam
O uso de caminhões mais
velhos é comum na rotina de Anailê e dos colegas que transportam contêineres do
porto até empresas próximas.
São viagens curtas, de cerca
de 10 km, que podem acontecer a qualquer hora, mesmo de madrugada, se
necessário.
Na associação onde ela e o
marido trabalham, só dá Jacarés. Esse é apelido dos caminhões L110 e L111,
famosos pela durabilidade e considerados "clássicos" das estradas
brasileiras, vistos quase sempre na cor laranja. A brincadeira é porque o capô
deles lembra a boca de um jacaré.
A reforma é o tema preferido
dos 130 mil inscritos no canal da caminhoneira, junto com os vídeos em que ela
dirige os "clássicos" - um deles tem 5 milhões de visualizações.
A paixão pelos caminhões
surgiu por acaso. O primeiro motivo foi ganharem mais dinheiro do que em suas
profissões da época: Anailê era secretária e o marido, motoboy. Ele foi primeiro
e depois quis que ela experimentasse o volante.
No banco do Jacaré, apoiada
por uma almofada para ajudar a alcançar a embreagem, Anailê diz que se
descobriu, apesar da crise que afetou o mercado de exportações nos últimos
anos, crucial para o trabalho do casal.
Fonte : G1
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