O presidente
Michel Temer afirmou nesta quarta-feira (14) que aposta no diálogo com os
Estados Unidos para tentar retirar o Brasil da lista de países que terão de
pagar uma sobretaxa ao aço importado pela indústria americana. Segundo Temer,
caso não haja uma solução “amigável” e "rápida" com os Estados Unidos,
o Brasil enviará junto com outros países uma representação à Organização
Mundial do Comércio (OMC).
"Se não houver uma
solução digamos assim amigável muito rápida, vamos formular uma representação à
Organização Mundial do Comércio, mas não unilateralmente, não apenas o Brasil,
mas com todos os países que tiverem prejuízos em função dessa medida
tomada", declarou Temer.
Temer deu a declaração em
São Paulo, durante plenária do Fórum Econômico Mundial para a América Latina. O
presidente fez um pronunciamento e respondeu a perguntas feitas pelo fundador
do fórum, Klaus Schwab. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o
prefeito de São Paulo, João Doria, também participaram do evento.
A questão do aço foi
abordada por Schwab após o discurso de Temer, no qual o presidente listou
realizações de seu governo, como o teto de gastos e as reformas trabalhista e
do ensino médio.
Na semana passada, o
presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a criação de novas taxas para a
importação de aço e alumínio, de 25% e 10%, respectivamente. A medida vale a
partir de 23 de março.
O Brasil é o segundo maior
exportador de aço para os Estados Unidos, atrás do Canadá, que foi excluído da
taxação. Cerca de um terço das exportações do país seguem para a indústria
americana.
Representação à OMC
Temer reconheceu a
preocupação com o impacto da medida anunciada por Trump. Segundo o emedebista,
ele pretende telefonar em breve para o presidente americano, a fim de discutir
o assunto.
"Nessa questão do aço,
realmente há uma grande preocupação. Pelos tratados internacionais a taxação do
aço poderia variar de 0 a 4,5% e houve uma taxação de 25% no caso do aço e 10%
no caso do alumínio. Temos que tratar com muito cuidado dessa matéria",
disse Temer.
O presidente destacou que o
governo discute formas de lidar com a taxação, apostando no diálogo. Ele
lembrou que na segunda-feira (12) recebeu no Palácio do Planalto o
diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo.
De acordo com o presidente,
ficou alinhavada a possibilidade de enviar representação à OMC junto com outros
países, caso não haja uma solução para o impasse gerado pela medida anunciada
por Trump.
O presidente ainda relatou
que o governo incentiva que empresas brasileiras e americanas atuam para
conseguir modificar a sobretaxa no Congresso do Estados Unidos.
Em entrevista à GloboNews, o
diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, comentou a estratégia brasileira.
"Acho uma estratégia válida, até porque o setor privado tem um peso
importante nessa conversa. Eles têm canais diretos com o congresso e com
setores da administração americana. Falar com eles é um passo no sentido de se
conseguir aliados na discussão com o governo americano."
Recursos
O governo brasileiro já
havia anunciado ações para reagir à decisão americana. Na última sexta-feira
(9), após o anúncio de Trump, o Ministério da Indústria e Comércio Exterior
(MDIC) informou que o Brasil entrará com recursos nos Estados Unidos contra a
sobretaxa ao aço e ao alumínio importados.
De acordo com o MDIC, nos
recursos o Brasil pedirá para ser incluído na lista de exceções à sobretaxa,
assim como México e Canadá. Os recursos serão apresentados ao Departamento de
Comércio dos Estados Unidos (instância governamental) e ao Representante de
Comércio dos EUA (agência responsável por desenvolver a política comercial do
país).
Reforma da Previdência
Temer também falou sobre a
reforma da Previdência na sessão do fórum. O presidente explicou que foi
preciso priorizar a questão da segurança pública e lembrou a intervenção no
estado do Rio de Janeiro.
Decretada em fevereiro, a
intervenção na segurança pública fluminense barrou a tentativa de votar a
reforma da Previdência na Câmara dos Deputados.
A legislação impede mudanças
na Constituição durante a vigência de intervenção. A reforma foi apresentada
por meio de emenda à Carta e a intervenção tem previsão de durar até 31 de
dezembro deste ano.
Temer voltou a afirmar que,
entre setembro e outubro, se a situação da segurança do Rio apresentar
melhoras, ele poderá encerrar a intervenção, tentando votar a reforma
previdenciária até o final do ano.
Fonte : G1
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