O saguão da sede social do Botafogo ganhou
gente aos poucos. Eram amigos, familiares e torcedores, todos à espera do
último adeus a um dos maiores nomes do esporte nacional. Eram quase 17h quando
o corpo de Bebeto de Freitas chegou a General Severiano. Ex-presidente e
torcedor fanático do Alvinegro, o mentor da Geração de Prata do vôlei nacional
foi recebido sob aplausos. Morto na tarde de terça-feira, aos 68 anos, depois
de uma parada cardíaca, Bebeto recebeu o carinho na casa de um de seus maiores
amores.
O
Botafogo abriu as portas para a despedida e homenageou seu ex-presidente com a
bandeira a meio mastro. Mais cedo, em Belo Horizonte, também foi realizada uma
cerimônia na sede do Atlético-MG, onde era diretor de administração e controle.
O corpo de Bebeto vai deixar a sede do Botafogo às 9h desta quinta-feira, em um
carro do Corpo dos Bombeiros, rumo ao Cemitério São João Batista. O enterro
será às 15h.
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Saiba como foi o velório de um dos maiores ícones do vôlei brasileiro
Durante
todo o dia, amigos, familiares e personalidades do vôlei e do futebol foram
prestar homenagens ao ex-técnico. Gente como Jorge Barros, auxiliar de Bebeto
na Olimpíada de Los Angeles; Marcus Vinícius Freire, Carlão, Radamés Lattari e
Renan Dal Zotto, treinador atual da seleção.
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Bebeto, sem dúvida, é o principal protagonista de tudo isso. Cara que estava à
frente de todos os projetos, e com o diferencial de que conseguia trazer todo
mundo com ele - disse Renan.
O
corpo chegou ao Rio de Janeiro por volta de 13h30, no aeroporto de Santos
Dumont. Lá, passou por trâmites burocráticos até seguir para General Severiano.
Torcedores aplaudiram quando o caixão entrou na sede do Botafogo, pouco antes
das 17h. Antes disso, chegaram coroas de flores da Confederação Brasileira de
Vôlei (CBV) e de times como do próprio Botafogo, Fluminense e Chapecoense.
Jogadores que atuaram sob o comando de Bebeto na seleção italiana também
enviaram flores para homenagear o ex-técnico.
Marcelinho,
ex-levantador da seleção e que joga atualmente pelo Botafogo, chegou cedo à
sede para um treino com a equipe. Antes, falou sobre a importância de Bebeto
para o vôlei nacional e sua luta contra a corrupção no esporte.
- Há
vinte anos anos ele já enxergava a corrupção que está acontecendo hoje e não
foi ouvido. Um dos motivos que ele foi para o vôlei italiano foi por causa
disso. Ele foi para lá e não poderíamos ter deixado isso. Ele mudou o vôlei
brasileiro. O que ele fez pela Itália, poderia ter feito ainda mais por aqui -
disse o levantador.
Do
futebol, o primeiro a chegar foi Carlos Roberto, técnico do Botafogo quando
Bebeto era presidente. O ex-treinador ressaltou os feitos do amigo à frente do
clube do coração.
- Já
éramos amigos. Ele resgatou o Botafogo de uma fase difícil, recuperou a sede...
Fez várias coisas boas para o nosso Botafogo. Em 2006, deu um suporte muito
importante para nosso título.
Presidente
do Botafogo, Nelson Mufarrej também esteve na sede para homenagear Bebeto. O
mandatário afirmou que o clube ainda deve homenagear Bebeto.
- Um
dia triste. Já tive a oportunidade de dizer o que representa o Bebeto ao
Botafogo. Um grande desportista que nos deu 11 títulos com o vôlei. Também como
presidente do clube. Ainda estamos discutindo e não tem nada programado. Mas
tenho certeza que a aconselho Deliberativo vai fazer para o Bebeto - disse.
Também
ex-presidente do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro foi outro a ir à sede do
clube para se despedir do amigo.
-
Muito novo, ex-atleta, mudou a história do esporte, do vôlei. E, apesar da
paixão pelo vôlei, sempre antenado ao Botafogo, alucinado pelo Botafogo. Bebeto
deixou uma lição do que é ser apaixonado por um clube - disse.
Outras
personalidades, como João Moreira Salles, diretor de cinema e empresário,
também prestigiaram o adeus a Bebeto.
A
carreira esportiva de Paulo Roberto Freitas, o Bebeto de Freitas, é extensa:
foi jogador e técnico da seleção brasileira de voleibol. Comandou a histórica
geração de prata da seleção masculina em Los Angeles-1984. Além do feito,
também revelou uma série de jogadores que fizeram da equipe uma seleção
imbatível nos anos seguintes, como Carlão e Giovane. Bebeto também foi o mentor
de dois outros grandes treinadores do vôlei mundial: José Roberto Guimarães e
Bernardinho. Depois, se sagrou campeão da Liga Mundial de 1997 e do Mundial com
a Itália em 1998, até que o amor pelo Botafogo bateu mais forte em seu peito e
lhe fez trocar de esporte.
No
futebol, teve a primeira passagem pelo Atlético-MG em 1999. Trabalhou no clube
ainda em 2001. Foi presidente do Botafogo entre 2003 e 2008. Posteriormente,
voltou ao Galo como diretor-executivo, em 2009. Assumiu a Secretaria Municipal
de Esporte e Lazer na gestão de Alexandre Kalil na prefeitura de Belo
Horizonte, no início de 2017. Com a eleição de Sérgio Sette Câmara para
presidente do Atlético-MG, no final do ano passado, retornou ao clube, desta
vez no cargo de diretor de administração e controle.
Fonte : ge
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