A Polícia
Civil do Rio acredita que os assassinos seguiram a vereadora Marielle Franco
(PSOL) desde o momento em que ela saiu do evento onde estava na Lapa, no Centro
do Rio, na noite desta quarta-feira (14). Ela pode ter sido perseguida por
cerca de quatro quilômetros.
Segundo a investigação,
Marielle não tinha o hábito de andar no banco de trás do veículo, que tem filme
escuro nos vidros. Na noite desta quarta, no entanto, ela estava no banco
traseiro quando o crime ocorreu, o que seria mais uma prova de que os
assassinos estavam observando a vítima há algum tempo.
Segundo a polícia, os
disparos foram efetuados a cerca de dois metros do carro das vítimas, quando um
outro automóvel, um Cobalt prata, emparelhou. Além de Marielle, o motorista
Anderson Pedro Gomes também foi baleado e morreu. A perícia constatou que os
tiros entraram pela parte traseira do lado do carona e três disparos atingiram
o motorista. De acordo com a Divisão de Homicídios, o atirador seria experiente
e sabia o que estava fazendo.
Os assassinos usaram uma
arma 9 mm para executar o crime. Marielle havia participado no início da noite
de um evento chamado "Jovens Negras Movendo as Estruturas", na Rua
dos Inválidos, na Lapa.
Policiais da Divisão de
Homicídios fazem diligência nas ruas em busca de imagens de câmeras de
segurança que possam esclarecer a morte de Marielle Franco. A perícia encontrou
nove cápsulas de tiros no local. Os criminosos fugiram sem levar nada.
Além da assessora que estava
no carro com Marielle, a polícia já ouviu, pelo menos, mais uma testemunha do
crime. O secretário Estadual de Direitos Humanos do Rio, Átila Alexandre Nunes,
afirmou que o órgão está deixando o programa de proteção à disposição das testemunhas
da morte de Marielle Franco.
Na manhã desta quinta (15),
o novo chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, disse que a morte da
vereadora Marielle atenta contra a democracia e reafirmou que a principal linha
de investigação é execução.
"Estamos diante de um
caso extremamente grave que atenta contra a dignidade da pessoa humana, que
atenta contra a democracia. Quero agradecer ao deputado Marcelo Freixo por ter
vindo à chefia da Polícia Civil, é uma demonstração de apreço e respeito pela
instituição. Vamos adotar todas as formas possíveis e impossíveis para dar
resposta a este caso gravíssimo", disse.
A declaração foi feita ao
lado do deputado Marcelo Freixo (PSOL), de quem ela era assessora. Segundo o
parlamentar, não havia nenhuma ameaça contra a colega. Freixo disse ter
conversado com familiares e amigos de Marielle, que confirmaram as informações.
"Quem matou a Marielle
tentou matar a possibilidade de uma mulher negra, nascida na Maré, feminista,
estar na política. Isso não é aceitável em qualquer lugar do mundo. Vamos
exigir até o último momento que se descubra o que aconteceu", garantiu
Rivaldo.
Ato ecumênico é realizado na
Câmara
Nesta manhã, um ato em
frente à Câmara de Vereadores do Rio homenageou Marielle. Os manifestantes
chegaram na Cinelândia aos poucos. Por volta das 11h, centenas deles estavam
concentrados no local.
Entre palavras de ordem,
cartazes e cantos, eles lamentaram o assassinato da vereadora. “É triste, muito
triste, mas essa condição da morte da Marielle não é uma novidade. Basta ver o
que aconteceu com a juíza Patrícia Acioli, assassinada em Niterói por combater
PMs corruptos. No Brasil é assim: qualquer um que lute contra a corrupção e
defenda os direitos humanos está em risco. E as forças de segurança, é claro,
não fazem nada”, comentou o deputado federal Chico Alencar.
Pouco depois das 11h, um ato
ecumênico realizado na escadaria da Câmara Municipal concentrou os
manifestantes.
Fonte : G1
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