A procuradora-geral
da República, Raquel Dodge, decidiu incluir nesta terça-feira (20) um
depoimento do doleiro Lúcio Funaro no inquérito que investiga o presidente
Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco
(Secretaria Geral) dentro da Operação Lava Jato.
A inclusão foi autorizada
pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da Lava
Jato no Supremo. O depoimento de Funaro incluído no inquérito trata da relação
do doleiro com políticos do MDB (leia trecho do depoimento ao final desta
reportagem).
Procurado, o Palácio do
Planalto informou que não irá comentar (leia a versão dos outros citados no
inquérito mais abaixo).
O inquérito, aberto em março
do ano passado com base na delação de executivos da Odebrecht, busca indícios
de pagamento de propina pela empreiteira na Secretaria de Aviação Civil, que já
foi comandada por Padilha e Moreira Franco entre 2013 e 2015.
No depoimento, Funaro,
delator do esquema, relata que o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) pediu
a ele, em 2014, que retirasse R$ 1 milhão no escritório do amigo e ex-assessor
especial do presidente José Yunes, em São Paulo, e enviasse o dinheiro para
Salvador.
Yunes, por sua vez, afirmou,
em mais de uma ocasião, que Eliseu Padilha pediu a ele em 2014 para receber um
documento em seu escritório.
Funaro declarou que, segundo
Geddel o havia informado, o montante precisava ser enviado para Salvador,
cidade onde o ex-ministro tem residência.
Ainda conforme o operador
financeiro, esse dinheiro era referente a doação, via caixa 2, da construtora
Odebrecht. Ele acrescentou que, de acordo com Geddel, o repasse foi acertado
com Temer e Eliseu Padilha. O acerto, segundo delatores da Odebrecht, teria
sido firmado em um jantar no Palácio do Jaburu no qual teria sido discutida a
divisão de valores destinados ao PMDB.
Versão dos citados
A assessoria do presidente
Michel Temer informou que não irá comentar.
A defesa de Moreira Franco
disse que não tem conhecimento dos documentos juntados aos autosm, mas que,
"de forma reiterada o ministro Moreira Franco já esclareceu que não tem
qualquer relação com referida pessoa, hoje delator".
O advogado de Eliseu Padilha
afirmou que "a menção indireta e genérica ao nome do ministro apenas deixa
claro que não existe participação de sua pessoa em qualquer dos fatos investigados
pela Operação Lava Jato".
Em setembro, quando o
depoimento de Funaro veio à tona, o advogado de José Yunes, José Luis Oliveira
Lima, divulgou a seguinte nota:
"Lúcio Funaro
apresentou várias versões sobre esse fato e mais uma vez faltou com a verdade.
José Yunes, advogado com mais de 50 anos de militância profissional e com uma
reputação ilibada, tão logo tomou conhecimento dos fatos procurou a PGR e
elucidou os acontecimentos. Lúcio Funaro jamais recebeu de José Yunes qualquer
valor. Ele esteve no escritório de Yunes, entregou um envelope e deixou o
local. É importante registrar, que José Yunes além de não conhecer Funaro, não
tinha conhecimento do que continha o envelope.Essa é a verdade dos fatos".
Fonte : G1
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