Motorsport
is dangerous. Em uma tradução livre, esporte a motor é perigoso. Há muitos
anos, esta frase está presente em todas as credenciais da Fórmula 1 e de outras
categorias motorizadas ao redor do mundo. O risco de um acidente é inerente ao
esporte. Todos do automobilismo sabem disso, sejam eles pilotos, membros das
equipes, engenheiros, comissários, fiscais de pista ou torcedores. Quando se
anda a mais de 300 km/h, o risco de se machucar é grande, por mais seguro que
seja o carro. E não importa o que seja feito: o perigo vai continuar presente.
E você aí em casa deve estar
pensando: por que raios ele está escrevendo sobre esse tema? Simples: estamos a
uma semana da abertura da temporada da F1 em 2018, a primeira com a obrigação
da adoção do halo (auréola ou halo, em português), proteção para a cabeça no
cockpit, nos carros da categoria. É uma novidade que divide opiniões a respeito
de sua eficácia para proteger a cabeça dos pilotos em casos de acidentes. E que
dificulta a identificação dos pilotos dentro de seus carros, já que obstrui a
visão dos capacetes. Na semana passada, nos testes em Barcelona, este foi um
dos assuntos mais comentados entre os jornalistas e o público.
Minha opinião sobre isso é
polêmica, eu sei. Sou contra a adoção do Halo porque duvido da eficácia do
aparato nos acidentes. No caso do acidente de Felipe Massa na Hungria, em 2009,
quando uma mola acertou o capacete do brasileiro, a nova proteção para a cabeça
seria inócua, assim como nos casos de detritos em suspensão logo após um outro
acidente. O Halo passou a ser fixado no chassi do carro, exigindo uma fortuna
em desenvolvimento para as equipes. A Force India, por exemplo, gastou muito
para integrar o halo ao chassi e teve de abrir mão do desenvolvimento do carro
nas primeiras corridas. Isso sem falar que a peça dificultaria a saída do
piloto do carro após um acidente, principalmente nos casos de capotagem e
incêndio.
Então, qual meu ponto?
Simples, a Fórmula 1 não precisa do Halo. Em 22 anos, a categoria teve apenas
um acidente fatal, o de Jules Bianchi no GP do Japão de 2014. E no caso da
Marussia, de pouco adiantaria o Halo no carro. A morte do francês foi causada
por uma irresponsabilidade da direção de prova, que autorizou a entrada de um
trator na área de escape de uma curva muito rápida em condições complicadas de
visibilidade. Um erro humano. Naquele acidente, uma proteção para a cabeça em
torno do cockpit como o Halo de pouco adiantaria para salvar Bianchi. Poderia
até piorar ainda mais a situação. Afinal, o que matou o francês foi a
desaceleração brusca causada pelo impacto do carro no trator.
Para encerrar, voltamos ao
risco. Repito: correr a mais de 300 km/h é uma atividade por si só perigosa. E
não importa o que seja feito: a F1 - e nenhuma categoria motorizada - nunca
será 100% segura. Quer evitar por completo o risco? A solução é simples: tirem
os pilotos dos cockpits e os deixem nos boxes comandando os carros por controle
remoto. Só assim para o esporte ser totalmente a prova do perigo.
Isto posto, a adoção do halo
é algo que dificilmente será mudada nesta temporada. Muito dinheiro já foi
gasto no desenvolvimento dos carros com a novidade. Acho que os fãs e quem
acompanha de perto a Fórmula 1 vai acabar se acostumando - a contragosto,
obviamente - com a nova cara da categoria. Mas que é feio e desnecessário, ah,
isso é.
Fonte : ge
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