Um
confronto na Faixa de Gaza deixou 14 palestinos mortos e cerca de 1.100 feridos
nesta sexta-feira (30), dizem médicos palestinos. Segundo o Exército
israelense, o confronto começou quando palestinos se aproximaram da fronteira
de Israel. O Ministério de Saúde de Gaza, por sua vez, diz que soldados
israelenses atiraram em dois agricultores palestinos da região que transitaram
em suas terras antes das manifestações começarem.
O confronto ocorreu no
primeiro dia de protestos da chamada "Marcha do Retorno",
manifestação contrária à ocupação israelense. Organizada oficialmente pela
sociedade civil, a manifestação é apoiada pelo Hamas, o movimento islâmico
palestino que governa a Faixa de Gaza.
O Exército israelense
disparou bombas de gás lacrimogêneo e outros meios de dispersão. Depois da
tentativa da dispersão, vários jovens palestinos atiraram pedras contra
soldados israelenses, informa a agência Efe. Após o confronto, o exército de
Israel ainda atacou três posições do Hamas, com tanques e aviões.
Segundo a Associted Press,
esse foi o dia mais sangrento em Gaza desde a guerra travada na fronteira em
2014.
No protesto, previsto para
continuar até o dia 15 de maio, tendas de campanha foram montadas a uma
distância de cerca de 700 metros da fronteira, mas os manifestantes palestinos
têm realizado demonstrações a cerca de 200 metros do território israelense, diz
a agência Efe. Segundo Israel, 30 mil palestinos compareceram aos cinco
acampamentos da marcha.
Israel responsabiliza Hamas
Em comunicado, as Forças
Armadas de Israel disseram que "manifestantes estão atirando pneus
incendiados, coquetéis molotov e pedras contra a cerca de segurança",
enquanto as tropas do Exército "respondem com meios de dispersão e
atirando contra os principais instigadores".
A nota acrescenta que
"a organização terrorista Hamas põe em risco as vidas das pessoas de Gaza
e as utiliza para camuflar suas atividades terroristas".
Uma das preocupações de
Israel com o movimento de protesto é uma tentativa, espontânea ou não, de
forçar a cerca da fronteira.
Hamas responsabiliza
soldados israelenses
Ashraf al Qedra, porta-voz
do Ministério da Saúde do Hamas em Gaza, disse, por sua vez, que soldados
israelenses atiraram em dois camponeses que não estavam presentes no confronto.
Eles estavam transitando em suas terras perto da fronteira no sudeste da cidade
de Khan Yunis, sendo que um deles, de 27 anos, morreu e o outro ficou ferido.
Os organizadores da marcha
afirmam que a manifestação é pacífica e que Israel tenta impedir que ela seja
realizada.
"Estamos aqui para
declarar que nosso povo não vai concordar em manter o direito ao retorno apenas
como um slogan", disse o líder do Hamas, Ismail Haniyeh.
Dia da Terra
A data escolhida pelo Hamas
para o início da Marcha do Retorno é simbólica: na Faixa de Gaza e na
Cisjordânia, 30 de março é o Dia da Terra. Ela marca a morte de seis palestinos
pelo Exército de Israel em 1976, durante a expropriação de terras no norte do
país.
De acordo com o Hamas, a
principal reivindicação da Marcha do Retorno é o direito dos palestinos de
voltarem para os locais de onde foram removidos após 1948, pela criação do
Estado de Israel. Em uma diretriz publicada em 2017, o grupo aceita a solução
de dois Estados para o conflito, sob as fronteiras de 1967, mas se recusa a
abdicar da luta armada.
Fonte : G1
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