Com maternidades fechadas ou com obras
abandonadas, grávidas estão tendo dificuldade de ter seus filhos perto de casa
em Olinda e em Jaboatão dos Guararapes. Em alguns casos, elas precisam se
deslocar para outra cidade da Região Metropolitana do Recife para que o parto
seja feito.
Há cinco anos, a Maternidade Brites de Albuquerque, em
Olinda, fechou as portas para uma reforma e ampliação. Desde então, não
reabriu. As paredes estão pintadas, mas a vegetação que cresce no local revela
o abandono. O tapume que cercava a obra caiu e a placa, com datas e valores do
projeto, está apagada depois de tanto tempo.
O novo prédio, que faz parte da ampliação da maternidade,
está inacabado. No local, há ainda água acumulada, falta de acabamento, materiais
e equipamentos jogados. No terreno, muito entulho. Nenhum trabalhador foi visto
na obra em quatro horas que a reportagem esteve no lugar. O projeto teve o
investimento de R$ 9 milhões.
Grávidas estão percorrendo mais de cinco quilômetros de
distância para dar à luz no Hospital Tricentenário, em Olinda. “Precisamos da
maternidade e, para quem mora perto dela, não tem. Minha menina podia ter
nascido nela [Brites de Albuquerque], mas estava fechada”, contou a dona de
casa Elizângela Oliveira.
Em Jaboatão dos Guararapes, cidade com cerca de 700 mil
habitantes, outra obra parada. O edital da obra da Maternidade Maria Rita
Barradas, localizada no bairro de Sucupira, foi lançado em 2010. Um
investimento de quase R$ 23 milhões.
Atualmente, o custo da construção saltou para R$ 38
milhões e a obra parou. O prédio chegou a ser levantado, mas a construção
estancou. Não há acabamento e a parte elétrica também não foi feita. Em meio à
escuridão, a maternidade está repleta de morcegos. Em parte da unidade, o teto
não foi construído.
Abandonada, a obra virou foco de reprodução do Aedes
aegypti. É possível ver larvas do mosquito se mexendo na água parada. Há,
ainda, material de construção e entulhos largados no local. “Não tem vigilante,
não tem nada. Está abandonada”, lamentou o serralheiro Vicente Leonardo.
Sem ter onde realizar o parto, as grávidas que moram em
Jaboatão dos Guararapes têm que recorrer às unidades localizadas no Recife. “Eu
moro em Dois Carneiros, mas meu filho vai nascer na Policlínica do Ibura [Zona
Sul do Recife] porque a maternidade daqui não está funcionando. Isso é um
descaso”, reclamou Tatiana Dias, grávida de oito meses.
A equipe de reportagem retornou à maternidade Maria Rita
Barradas um dia depois. A chuva expôs infiltrações no teto da unidade. “Minha
filha tem nove meses. Nós moramos na Vila Dois Carneiros, mas eu fiz o
pré-natal no Bandeira Filho porque quem faz isso lá tem o encaminhamento para a
maternidade. Aqui, o posto não encaminha para maternidade porque não tem
unidade no município”, explicou a professora Geisiane Maria.
Respostas
Em nota, a Prefeitura de Olinda afirmou que um dos um dos
compromissos assumidos na nova gestão é retomar as obras nas unidades de saúde
como a Maternidade Brites de Albuquerque. O governo ainda disse que o serviço
de requalificação foi retomado em abril de 2017.
“A Prefeitura de Olinda esclarece ainda que das três
etapas da reforma, uma já está concluída, a qual se refere à área de recepção,
emergência, atendimento pré-parto e triagem. A etapa de alojamento conjunto
está em andamento. A próxima etapa da reforma será o setor de bloco cirúrgico.
A Prefeitura de Olinda informa também que a secretaria de saúde do município já
entrou em negociação com o Governo do Estado para conseguir parceria a fim de
concluir a reforma da Maternidade. A expectativa é que até o início de 2019 a
obra esteja finalizada”, falou em nota.
O secretário de Saúde de Jaboatão dos Guararapes, Alberto
Lima, garantiu que há crianças nascendo no município. De acordo com ele, a
cidade conta com duas maternidades, que realizam 391 partos por mês. Quanto a
obra da Maria Rita Barradas, ele alegou falta de recursos como um dos
responsáveis pela paralização da unidade.
“Não havia recurso suficiente para terminar. Também
encontramos, quando assumimos a gestão, um parecer do Ministério da Saúde que
mostrava que o projeto não estava adequado para atender à necessidade. Então, a
gente teve que reavaliar o projeto como um todo”, afirmou.
Ainda segundo ele, o município vai gastar cerca de R$ 1,6
milhão para fazer o centro de parto normal. “Estamos viabilizando recursos para
essa construção. Então, estamos atrás de emendas parlamentares, trabalhar para
garantir recursos próprios do município. Vamos fazer todo esforço para ter uma
boa notícia até o fim do ano”, concluiu.
Fonte : G1
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