Mais um dia de depoimentos
comoventes marcou a quarta-feira no julgamento de sentença de Larry Nassar,
ex-médico americano acusado de abuso sexual por mais de cem atletas, a maioria
ginastas. A cada fala de uma vítima na Corte do Condado de Ingham, a juíza
Rosemarie Aquilina passa uma mensagem de apoio às mulheres. Nesta quarta, em
uma dessas mensagens, ela deixou claro que Nassar, de 54 anos, vai pegar na
sexta-feira uma sentença longa o suficiente para não deixar nunca a prisão.
- Ele vai morrer na prisão.
O próximo juiz que ele vai encarar vai ser Deus - disse a juíza, que já escutou
50 vítimas nos dois primeiros dias do julgamento e deve escutar mais 51
depoimentos antes de anunciar a sentença.
Os crimes de Larry Nassar
ganharam as manchetes principalmente por ele ter molestado as ginastas da
seleção americana, inclusive as campeãs olímpicas Simone Biles, Gabby Douglas,
Aly Raisman e McKayla Maroney. Ele também abusou de atletas da Universidade de
Michigan, crimes pelos quais está sendo julgado nesta semana. O ex-médico já
cumpre 60 anos de prisão, condenado por pornografia infantil em dezembro. Nesta
sexta, ele pode pegar entre 25 e 40 anos como pena mínima e prisão perpétua
como pena máxima.
"Vá para o
inferno!"
As vítimas contaram suas histórias
traumáticas dos abusos de Larry Nassar. Algumas pediram para continuarem
anônimas, outras o encararam e contaram com o apoio de familiares e amigos.
Ex-ginasta, Gwen Anderson foi acompanhada pelo técnico Thomas Brennan, que
explodiu após a pupila dar seu depoimento aos prantos.
- Para registro, vá para o
inferno - disse ele a Nassar - A culpa que sinto (por ter mandado suas ginastas
para consultas com o médico) é difícil de explicar.
"Você é um molestador
em série"
Outro depoimento marcante
foi o de Gina Nichols. Enfermeira e esposa de um médico, ela falou em nome da
filha Maggie Nichols, campeã mundial em 2015 e primeira a denunciar os abusos
de Nassar naquele ano.
- Um verdadeiro médico nunca
vê uma criança sozinha. Você é um molestador em série de crianças, um pedófilo
- disse Gina.
"Eles têm que assumir a
responsabilidade por isso"
Depois de ler o depoimento
da filha Maggie, Gina falou em seu nome e fez duras críticas à USA Gymnastics
(Federação de Ginástica dos Estados Unidos), à Universidade de Michigan (MSU) e
ao Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC), que são acusados de acobertar os
crimes de Nassar. Na presença de Kerry Perry, CEO da USA Gymnastics desde
novembro, Gina disse não querer mais ouvir declarações sobre mudanças, porque é
tarde demais.
- Que vergonha MSU, USAG e
USOC por essa negligência grosseira e indesculpável, por permitir que este
pedófilo perdurasse por tanto tempo e pelas pobres vítimas abusadas. Precisamos
construir um ambiente seguro. Mas todos na USAG, MSU e USOC que acobertaram
essa negligência e os abusos em crianças são responsáveis. Eles têm que assumir
a responsabilidade por isso.
Na terça-feira, Perry
divulgou uma declaração lamentando os crimes de Nassar e ressaltando a
prioridade em construir um ambiente seguro para as ginastas americanas.
- Estamos completamente
enojados por suas ações abomináveis. Lamentamos que qualquer atleta tenha
sofrido os crimes desprezíveis cometidos por Larry Nassar. Nosso corações estão
partidos, e admiramos profundamente a coragem e força dessas atletas ao
compartilharem suas experiências. USA Gymnastics vai manter sua palavra e
experiência em fazer de tudo para focar em nossa mais alta prioridade: a
segurança, a saúde e o bem estar de nossas atletas - declarou Perry.
A Universidade de Michigan,
a USA Gymnastics (Federação Americana de Ginástica) e o Comitê Olímpico dos
Estados Unidos (USOC) estão sendo processados por pais de ginastas e
ex-ginastas que acusam as entidades de acobertar as ações de Larry Nassar. A
USA Gymnastics é acusada inclusive de pagar as campeãs olímpicas McKayla
Maroney e Aly Raisman para firmarem um acordo de confidencialidade para não
tornar as denúncias públicas.
Fonte : Ge
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